terça-feira, 25 de agosto de 2009

BIRA LARGA NA FRENTE


Mais que o cumprimento de uma mera formalidade, os procedimentos de inscrição dos candidatos a presidente e das chapas à nova direção do PT é um termômetro de como andam a mobilização, a organização e o apoio político das bases aos postulantes. A partir desses critérios, pode-se dizer: Bira do Pindaré e a chapa Unidade Petista largaram na frente nas eleições do PT.

É o que mostram os dados preliminares das incrições para o PED, o Processo de Eleições Diretas do PT. Ontem (segunda-feira, 25/8), às 20h, encerrou-se o prazo para a incrição de candidatos a presidente e das chapas à Direção Estadual do Partido dos Trabalhadores.

Seis candidatos a presidente se inscreveram. Sete chapas se apresentaram para disputar as 49 vagas do diretório estadual - presidente e líder da bancada na Assembléia Legislativa, contam em separado para completar os 51 membros no total.

Um dos critérios para inscrever os candidatos a presidente é a apresentação de um abaixo-assinado de pelo menos 0,1% do total dos filiados no estado. O Maranhão tem 26 mil filiados, segundo lista de aptos a votar. Então, cada candidato precisaria ser subcrito por pelo menos 27 filiados. Dois seis inscritos, Bira foi o com maior respaldo, foi apresentado por 327 filiados.

Atrás de Bira, com 327 apoios, vieram:
Rodrigo Comerciário, com 110 filiados subscrevendo sua candidatura;
em terceiro, Raimundo Monteiro, com 92 filiados;
em quarto, Augusto Lobato, com 60 filiados;
em quinto, Edmilson Carneiro, com 36 filiados;
em sexto, Fransuíla Farias, com 32 filiados.

Quatro surpresas nas inscrições a presidente: (1) não sendo o favorito, Bira sair na frente nessa preliminar; (2) sendo o primeiro a se lançar, Augusto Lobato reunir menos de 1/5 do que Bira arregimentou, (3) Rodrigo Comerciário superar Raimundo Monteiro em apoios, saindo na frente dentre os 04 candidatos do campo da CNB (tendência Construindo Um Novo Brasil/ex-Articulação); e, por último, o próprio fracionamento da CNB, em 04 candidaturas, o que evidencia a falta de liderança de Monteiro dentro da tendência. Ou seria uma estratégia da CNB, dividir (no pirmeiro turno) pra somar(no segundo turno)?

Assim ficam,então, demarcadas as posições internas em relação à presidência do PT:

Bira do Pindaré, reunindo as tendências Luta Solidária, Democracia Socialista, Tendência Marxista e os apoios de Manoel da Conceição e dos dirigentes da Executiva Estadual do PT Silvio Bembem, Márcio Jardim, Franklin Douglas e Silvana Brito;

Rodrigo Comerciário, abrindo uma dissidência no campo da CNB;

Raimundo Monteiro, candidato da maioria da CNB e com o apoio do deputado federal Washington Luiz e dos dirigentes da Executiva Estadual do PT Rose Frazão e José Inácio;

Augusto Lobato, reunindo a Democracia Radical, PT de Aço e Articulação de Esquerda e dos dirigentes da Executiva Estadual do PT Domingos Dutra, Ricardo Ferro e Terezinha Fernandes;

Edmilson Carneiro, abrindo uma dissidência na CNB e com o apoio do secretário do governo Roseana Sarney, José Antonio Heluy;

Fransuíla Farias, vereadora de Balsas e também em dissidência na CNB e com apoio do dirigente da Executiva Estadual do PT Mundico Teixeira.

Na CNB, a divisão está mais na disputa pela vaga de deputado estadual (à exceção de Rodrigo Comerciário que busca se viabilizar candidato a deputado federal), do que na diferença de concepção sobre o PT maranhense. As teses devem demonstrar isso. No PT, cada candidato é obrigado a apresentar um texto com o projeto de idéias para o partido a ser trabalhado na próxima gestão.

CHAPAS
Na disputa para a direção estadual, a novidade é a chapa sem cabeça do deputado Domingos Dutra. Ele lidera a chapa "Em defesa da nossa história", diferenciando-se da chapa apresentada por Augusto e Jomar. Pelo critério de quantidade de municípios e capacidade de preencher a quantidade de vagas em disputa, a chapa de Dutra é a terceira mais forte, com 93 candidatos à Direção Estadual e espalhada em quase 70 municípios. Fica atrás de "Unidade Petista"- com 124 candidatos e mais de 60 municipios e "Josué Pedro-Construindo um novo Maranhão", com 96 candidatos e mais de 50 municipios.

Foram sete as chapas registradas para as 49 vagas a Direção Estadual, 08 vagas ao Conselho de Ética e 08 vagas ao Conselho Fiscal (que podem ser acrescidas de 1/3 de suplentes e no mínimo 30% de cotas às mulheres). Há ainda a lista de inscritos para delegados/as ao Congressso Estadual do Partido.

Unidade Petista (com Bira-presidente) - 124 candidatos;
Josué Pedro-Construindo um Novo Maranhão (com Monteiro-presidente) - 96 candidatos;
Em Defesa de nossa história (sem cabeça pra presidente) - com 93 candidatos;
Amanhecer na luta (com Augusto-presidente) - 81 candidatos;
A força vem da base (com Edmilson-presidente) - 68 candidatos;
Renovar é preciso (com Rodrigo Comerciário-presidente) - 46 candidatos;
Construindo a mudança no Maranhão (com Fransuíla-presidente) - 25 candidatos.

Comissão do PED
No próximo sábado, a Comissão do PED deve se reunir para analisar pormenorizadamente os documentos de inscrição. E tornar oficial as informações dos inscritos para o cumprimento de prazo de impugnação e substituições, além de eleger o seu coordenador.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Nova enquete no Blog do Treze

Nova enquete no Blog do Treze. Na sua opinião, qual deve ser a tática eleitoral do PT-MA para governador em 2010?

As alternativas são:
- Apoiar o candidato a governador do PMDB (Roseana ou Lobão);
- Apresentar um nome do PT para governador (Bira ou Dutra);
- Coligar-se com PCdoB e PSB e apoiar Flávio Dino para governador;
- Coligar-se ao PDT e apoiar Jackson Lago para governador;
- Aliar-se ao PSDB, apoiando Roberto Rocha para governador

E ai, qual a sua opinião? Deixe seu voto na enquete.

UNIDADE PETISTA para dirigir o PT do Maranhão

Jantar em apoio a Bira para presidente do PT...


... reuniu expressivo número de filiados...


... simpatizantes...



... lideranças dos movimentos rurais...


... do movimento sindical urbano (como sindicalista dos Correios)...


... intelectuais (como Wagner Cabral) ...

...de partidos politicos como PSB (com a presença de Marcelo Tavares)...


... PDT...


...PCdoB...



... Bira recebeu o apoio de vereadores do PT, como Deutz, de Santa Inês ...


... de Franklin Douglas...



... Silvio Bembem...


... Marcio Jardim...



... de Manoel da Conceição, primeiro filiado do PT no Brasil...


...o jantar prestou homenagem a César Teixeira, quando todos cantaram Oração Latina, junto com o cantor Celso Brandão ...


... Chico Nô ...



... e o poeta popular, Moisés Nobre.



Uma noite de festa da militância petista, onde a UNIDADE PETISTA se constrói com Manoel da Conceição, Franklin, Bembem, Marcio Jardim com Bira para presidente do PT


DISCURSO PELA UNIDADE PETISTA
De Franklin Douglas
"Boa noite a todos, boa noite a todas!

Boa noite aos meus convidados.
Nos [Encontros do PT], como diz Marcio [Jardim], o discurso da gente é tão bom que muda opinião, mas não muda os votos nas reuniões. A gente, então, vale o número de eleitores que leva ao PED. Então, aos meus convidados, um boa noite especial.

Através dos companheiros Marcio Jardim e Silvio Bembem, cumprimento todos os petistas que estão organizados nas tendências DS(Democracia Socialista), TM(Tendência Marxista), LS(Luta Solidária), militantes da AE(Articulação de Esquerda), MPT(Movimento PT), Rebuliço e aos militantes aqui presentes que não estão em tendência alguma e são sobretudo PT.

Através do Manoel da Conceição, cumprimento a todos os militantes dos movimentos sociais aqui presentes. Através do Bira, cumprimento a todos da mesa, o Julião Amin-PDT, o Marcelo Tavares-PSB, Emilio Azevedo-PCB, Gérson Pinheiro-PCdoB, vereaores Geraldo e Rose Sales-PCdoB)

Enfim, boa noite.

Pessoal,

O meu discurso desta noite será um discurso curto, direto e afirmativo.

Hoje, diferente de como faço constantemente no meu blog, o Ecos das Lutas, eu não cobrar do PCdoB, do Flavio Dino um artigo no Jornal Pequeno sobre a crise do senado. Não vou exigir do Flavio Dino um discurso na tribuna da Câmara contra o Sarney.

Neste meu discurso, não vou cobrar do Julião Amim uma autocrítica do PDT, por que o Jackson já fez, mas o PDT ainda não, de ter deixado nos escapar uma oportunidade tão preciosa que foi a vitória da Frente de Libertação, pelos erros que sabemos quais, pelas opções de 2008 que sabemos quais...

Não vou cobrar a coerência das outras chapas que concorrem conosco, nem da que quer o PT com o PMDB, desfigurando a história do PT-MA, nem da que foi derrotada pelos tucanos em 2008, mas quer aliar o PT ao PSDB em 2010.

Não vou fazer esse discurso. e por que não?
Não é porque eu virei “frankinho paz e amor” não ...

É porque eu estou elevando a minha alma, o meu coração e a minha mente ao tamanho do desafio e da responsabilidade que nós temos neste momento histórico com o Maranhão e com o Brasil.

Quando escrevi o artigo, em maio, chamado UM PT PARA ALÉM DO PED, em que deveríamos reinventar a nossa maioria no PT, eu estava sinalizando mais do que a disputa pelo espólio da era Dutra, mais do que a disputa pelo legado de Dutra, que não deixou esse partido ir para o sarneismo.

É porque entendo que é a hora do salto de qualidade. O salto que deu o PT do Pará. O salto que deu o PT do Piauí. E esse salto só é possível se buscarmos a verdadeira unidade petista. A unidade do PT, do projeto para o nome, e não do nome para o projeto. Que construa a unidade das oposições maranhense contra a oligarquia.

E quem quer a unidade não pode se pautar pelas divergências, mas pelo que soma, não pelo que divide. Por isso meu discurso hoje marca uma ruptura com o retrovisor do carro, porque eu quero agora é olhar pra frente!

Por isso, quando Marcio Jardim, Silvio Bembem e eu, que podíamos perfeitamente, por termos uma postura interna mais radicalizada, abrimos mão de construirmos uma candidatura de um de nós à presidência do PT, uma chapa conjunta para ter os nossos carguinhos na Executiva, quando fizemos isso, é porque a gente acredita que é possível construir em torno do Bira, as novas bases de uma nova maioria e de uma nova unidade petista.

E ai minha candidatura de deputado, de Bembem, de Marcio Jardim, vira coisa pequena, e a ocupação de espaço na Executiva para esses nossos projetos eleitorais vira coisa menor diante desse futuro que podemos construir.

A opção de construir essa chapa é porque acredito piamente que se unificarmos o PT, o que não quer dizer unanimidade – já dizia o Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra -, se unirmos o PT, nós podemos ousar unir as oposições maranhenses ...

Aqui nesta mesa, se formos competentes, podem construindo a eleição tanto do futuro governador do estado quanto dois futuros senadores do Maranhão! Aqui pode estar nascendo a maior vitória que a luta dos trabalhadores já pode ter sonhado no Maranhão. E é esse o projeto que nos une. Para além das demarcações de nossas tendências.

É porque o sonho não acabou, que queremos a unidade do PT.

É porque por o sonho não acabou, que convocamos cada um de vocês para essa campanha.

É porque por o sonho não acabou, que estamos com Bira, presidente do PT!

E como dizia Raul Seixas, sonho que se sonha só é apenas um sonho, mas o sonho que se sonha junto, vira realidade.

VIVA A UNIDADE PETISTA!
VIDA A UNIDADE DA OPOSIÇÃO!!
VIDA A LIBERDADE DO MARANHÃO!!! "
(*) discurso proferido na abertura do jantar de apoio a Bira - presidente do PT

COMEÇA O PED

No último sábado (4/7), a corrente PT de Aço - liderada pelo deputado Domingos Dutra - bateu martelo: vai com Augusto Lobato nas eleições internas do PT.

A decisão, a quase dois meses de distância do registro das chapas, acelera o processo de movimentação das forças internas do partido.

Dutra não tinha escolha. Mesmo numa plenária em que houve a ausência de importantes quadros militantes de sua tendência e onde boa parte se absteve entre as opções "Augusto - presidente" e "liberar para presidente" , calculou que o menos pior seria impor a candidatura Augusto.

Entre perdas e ganhos, Dutra também deve ter mensurado o peso da saída de Márcio Jardim de sua chapa. Jardim declarou-se fora da composição Dutra-Augusto e constroi aproximação com a chapa em torno de Bira-presidente.

E por que tanta pressa?

Como em política tudo é uma questão de gestos, Dutra entendeu muito bem o convite para um jantar de lançamento que Augusto passou a circular, às vésperas e na reunião do Diretório Estadual (06/7), tornando sua candidatura a presidente irreversível.

No convite, entre as várias lideranças listadas como presentes ao jantar (boa parte nem sabe que está listada, diga-se de passagem), há um recado bem dado: a presença anunciada dos deputados Washington Luiz e Helena Heluy, e a ausência de lideranças partidárias como Bira do Pindaré (direção nacional do PT) e dirigentes da Executiva Estadual como Franklin Douglas (DS), Marcio Jardim (MPT) e Silvio Bembem (TM).

Para bom entendedor, meio-convite basta. Dutra entendeu...

Se tinha amarrrado para si o apoio de Terezinha e Jormar Fernandes, faltava a Augusto o apoio decisivo de Dutra para sair da crescente pressão que vinha sofrendo pela unidade do campo "não-sarneysita" em torno de Bira, e viabilizar sua candidatura. Agora, candidato dutrista, Augusto ganha musculatura e passa de isolado a franco-favorito no PED.

Racha coloca CNB no jogo.
Com o racha precipitado no campo da atual maioria no PT-MA, tende a ficar mais ou menos assim a largada para a disputa no PED petista: com Augusto Lobato (da Democracia Radical), seguem PT de Aço e Articulação de Esquerda; com Bira do Pindaré (da Luta Solidária), seguem Tendência Marxista-TM, Democracia Socialista-DS e Movimento PT de Marcio Jardim;

Em disputa, alguns núcleos independentes e de organização regional, os "rurais" e o deputado Valdinar Barros.

Quem passa a sonhar com o segundo turno é a CNB, de Washigton e Helena, provavelmente com Fernando Magalhães-presidente.

Por fora, corre o Rodrigo Comerciário, sob pressão para desistir e apoiar Augusto ou recompor com a CNB.

De novo, os nomes primeiro. Depois, os projetos. Parece que é essa é sina da disputa petista. Resta saber se, nas teses, as forças internas apresentarão claramente seus projetos para o PT-Maranhão. Ou vão ficar apenas no soma-soma das garrafinhas!

Começou pra valer o PED petista...


(*) texto elaborado originalmente em 07/jul/2009.

domingo, 9 de agosto de 2009

Um PT para além do PED

Por Franklin Douglas
1. Redefinir o projeto do PT para o Maranhão é condição sine qua non para a rearticulação do campo da oposição de esquerda, que não tenha qualquer interface com a velha oligarquia. Este é o principal desafio do Partido dos Trabalhadores do Maranhão na atualidade. Sua capacidade de se reinventar é sua única possibilidade de sobrevivência. Uma agenda de debates que está para além do Processo de Eleições Diretas (PED), a ser realizado em no final deste ano.

2. Para tanto, (1) é necessário entender como se dá a correlação de forças no estágio atual da luta de classes no Maranhão; (2) é preciso saber compreender o que foi o governo Jackson Lago; (3) é imperativo retomar o processo histórico maranhense das disputas eleitorais recentes.

3. Como já frisáramos anteriormente, entender a vitória da Frente de Libertação era ter a consciência de que ela não foi um ponto de chegada, mas um ponto de partida. A oligarquia Sarney não estava derrotada por conta de sua derrocada eleitoral de 2006. Esse erro de avaliação gerou dois outros: de um lado, o daqueles que acreditavam que já tínhamos alcançado o pós-sarneismo. E, por conseguinte, estava dada a polarização político-ideológica entre os projetos tucano versus esquerda, e não que ainda permanecia a polarização real e concreta entre as posições sarneismo versus ante-sarneismo. Deram por morto o mais vivo dos oligarcas do País. Aquele que até em Lula deu drible, e derrotou, no Senado Federal, o PT de Tião Viana e Idely Salvatti.

4. O segundo erro, do outro lado, foi cometido por aqueles que, também achando que o sarneismo já era, poderiam apropriar-se das bases da velha oligarquia e com ela instaurar um outro bloco histórico de superação da antiga ordem. Com este erro, ressuscitaram projetos locais decadentes, cometeram as mesmas práticas viciadas do exercício do poder e se afastaram da opinião pública livre e dos movimentos sociais democráticos. Alguns atores da Frente de Libertação, inclusive, conseguiram cometer os dois erros ao mesmo tempo.

5. Destes dois erros fundamentais decorreram vários outros. O que culminou com a cassação do mandato de Jackson Lago no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a volta biônica - mesmo sem Palácio, e sem povo - de Roseana Sarney ao Governo do Maranhão. Subestimaram o adversário.

6. O governo Jackson Lago está longe de ter sido uma experiência neoliberal, como algumas forças políticas locais tentam caracterizá-lo. Equívoco. O neoliberalismo sustenta-se na tese do Consenso de Washington, "Estado mínimo", privatizações, desmonte do serviço público, refilantropização das políticas sociais, criminalização da questão social e de seus protagonistas em luta (movimentos pela direito à terra, trabalho e moradia, por exemplo).

7. Não foi isso o que se viu no Maranhão de 2007 a 2009. Ao contrário: não houve a retomada das privatizações do tempo de Roseana; foi criticado por ampliar o número de secretarias, sobretudo a de Direitos Humanos, Mulheres, Igualdade Racial; a Assistência Social (o SUAS), o combate ao analfabetismo e o direito à educação, a Segurança Cidadã e a Cultura, por exemplo, seguiram rigorosamente a cartilha das políticas cidadãs do governo federal.

8. A sua condição - e contradições - de governo de coalização foi análoga à do governo Lula, ressalvando que no governo Jackson tinha pouca força em seu núcleo dirigente, as forças populares que contribuíram para a vitória da Frente em 2006. O condomínio da Frente de Libertação - termo cunhado pelo professor Wagner Cabral - cabia a todos. Uns com mirante. Outros, sem eira nem beira...

9. O PT não tem qualquer compromisso com a defesa das práticas viciadas operadas pelos personagens conservadores da coalização governista. Não somos herdeiros das práticas clientelistas, mandonistas e patrimonialistas que subsistiram na gestão. Como elaborou o professor Francisco Gonçalves, sarneismo sem Sarney não é o horizonte da esperança e nem das transformações políticas desejadas pela maioria da população maranhense. Pelo contrário, o PT no governo tensionou a todo momento, no limite de suas forças, a ampliar a participação dos movimentos sociais na gestão. Exemplo maior foi a construção dos Fóruns Participativos no Alto Turi, Baixo-Parnaíba, Cerrado-Sul e dos Povos da região pré-amazônica, envolvendo os movimentos de 104 municípios na organização de uma pauta para o governo. O PT, que até o fim ficou ao lado da defesa do mandato popular dado pelo povo maranhense a Jackson Lago, tem toda a legitimidade para realizar uma análise crítica desta experiência de governo entre 2007 a 2009.

10. A tática eleitoral do partido em 2006 foi correta: no primeiro turno, com Vidigal governador/Terezinha vice (PSB-PT-PCdoB); no segundo turno, com Jackson ao invés de Roseana Sarney. Ocorre que o limite da capacidade de influência do PT foi o seu resultado nas urnas: em 2006, um deputado federal; dois deputados estaduais, duas posições antagônicas na Assembleia Legislativa. Em 2008, o PT de São Luís abriu mão de nosso capital político (acumulado com Bira do Pindaré, na disputa ao Senado) para o PCdoB: nenhum vereador eleito pelo PT, nenhum suplente. Nas demais cidades, Prefeituras de parca influência político-geográfica. Em todo o processo, 42% da direção partidária em boicote aberto à maioria obtida no PED-2005. Um partido dentro do partido, em total dissonância com as instâncias e a democracia interna do PT.

11. Externamente, é obrigação do PT travar o debate ideológico com a juventude, os intelectuais e os movimentos sociais maranhenses, a partir dos erros da Frente de Libertação, sem que isso dê margem a qualquer composição explícita ou tácita com a oligarquia Sarney.

12. As eleições de 2010 tendem a recuar aos cenários da correlação de forças políticas presentes nos embates eleitorais de 1990 (Lobão-PFL x Castelo-PRN x Conceição Andrade e Neudson Claudino-PSB/PDT/PT), 1994 (Roseana-PFL x Cafeteira-PPB x Jackson e Jomar-PDT/PT) e 1998 (Roseana-PFL x Cafeteira-PPB/PDT x Dutra-PT). O único cenário completamente atípico seria a unidade PT-oligarquia (o que nunca ocorreu na história do partido!). Ou seja, para 2010 persistirão os três blocos políticos com perfis ideológicos distintos em disputa: grupo Sarney versus oposição conservadora versus oposição de esquerda.

13. Desde o primeiro turno em 2010, o lado do PT tem que ser a defesa do governo Lula, da candidatura Dilma, os movimentos sociais como protagonistas da luta democrática, do Maranhão livre da oligarquia. Este é o sonho que nutre nossa luta (para ganhar ou perder eleições).

14. Internamente, corrigir erros também significa começar evitando que a direção partidária que emergirá do PED-2009 dirija sob emboscadas. Por isso, urge reorganizar a maioria que se dispõe a dirigir o partido nos próximos anos. Os nomes para a presidência e para os cargos na direção devem ser consequência, e não ponto de partida. E sob pontos basilares que consigam incorporar todos os setores do partido que se colocam contrários a qualquer aproximação com o esquema Sarney. O consenso é impossível. Mas uma nova maioria é possível. Sob pactos transparentes e claros, aberto a críticas e autocríticas. Para isso, dentre outros aspectos, é fundamental:

15. Unificar o partido em torno de uma tática eleitoral do partido para 2010 e a construção de um projeto que rearticule as nossas bases partidárias nos municípios e coloque PT como expressão das demandas dos movimentos sociais desde agora em 2009.

16. Construir a candidatura própria do PT ao Governo do Estado, buscando a ela ampliar com as forças sociais e partidárias que assumam os pressupostos do projeto formulado pelo PT. Neste contexto, Bira do Pindaré seria o nosso melhor nome. É conhecido. Não paira dúvidas sobre sua posição anti-Sarney ao longo desse processo. Amplia para os setores com os quais necessitamos dialogar. O Senado pode ser um projeto individual que beneficie coletivamente o PT. Mas o governo torna-se um projeto coletivo que reoxigena o indivíduo e o partido - agora e para frente (se não for vitorioso desde logo). Se é impossível ter o Bira, devemos buscar esforços por construir um nome que expresse esse movimento. Nenhum candidato do PT, ainda que sozinho, terá em 2010 menos votos do que tivemos em 2002 (7% dos votos) – percentual que define qualquer rumo do Maranhão num segundo turno...

17. Os tempos não são difíceis para as forças populares, pelo contrário, são férteis. Apenas nos falta exercitar a capacidade de fazer política, sem contudo tergiversar à direita: seja para o projeto tucano (sarneismo sem Sarney), seja para o projeto PMDB-democrata (autenticamente Sarney)!
(*) artigo elaborado originalmente em maio de 2009.

De volta ao Blogue do Treze

Estamos de volta com o Blog do Treze. Motivamo-nos sobretudo pela necessidade de garantir o trânsito de todas as versões sobre a disputa interna do partido no fim do ano, quando do Processo de Eleições Internas, o PED.

Assim, fica desinformado quem quer, não por falta de um instrumento para tal. É o que almejamos.

Nesta nova etapa do blogue do treze, uma sugestão especial. Ao lado, criamos a coluna "Outros (blogues) petistas (maranhenses). Assim, você pode acessar rapidamente o blogue de outros companheiros do partido e conhecer outras versões sobre a disputa interna do PT. Aceitamos sugestões de novos links.

Bem-vindo(a), ao Blog do Treze.