sábado, 31 de maio de 2008
Melhor com Bira em São Luís
E O VICE...
Com a vitória da aliança com o PCdoB (Flávio Dino), o PT de São Luís se debruçará agora sobre quem deve ser o vice. Disputam a vaga o professor Ed Wilson, o ex-vereador Kleber Gomes e o sindicalista Rodrigo Comerciário. José Antonio Heluy defende o nome de Bira para vice, mas até o momento a proposta ficou só no balão de ensaio.
E na sua opinião, quem deve ser o vice de Flávio Dino? Eis a pergunta da nova enquete do Blog do Treze. Deixe seu voto.
PT na TV: 05 de junho. Não perca!
Do Saite do PT Nacional, socializo os links para as peças do programa de TV do PT. Confira:
O programa nacional de 10 minutos do Partido dos Trabalhadores vai ao ar no próximo dia 5 de junho. O programa terá pronunciamentos de dirigentes nacionais, parlamentares e ministros do PT.
As inserções nacionais do partido no rádio e na TV, com 30 segundos de duração, foram ao ar no dia 15, 17, 20 e 22 de maio. As bandeiras históricas do PT e suas realizações no governo Lula foram os destaques das inserções nacionais do partido no rádio e na TV.
Clique nos links abaixo para assistir as inserções da TV:
1 - Bandeiras - Combate à Pobreza
2 - Bandeiras - Crescimento Com Independência
3 - Bandeiras - Defesa da Educação Pública
4 - Bandeiras - Mais Empregos, Melhores Salários
Clique nos links abaixo para ouvir as inserções de rádio:
1 - Emprego
2 - ProUni
3 - Crescimento
4 - Bolsa Família
Conferência Eleitoral mobiliza PT (III)
SARGENTO ADALBERTO LIDERA EM BELÁGUA
SARGENTO ADALBERTO segue à frente em Belágua. Lá, ele lidera uma coligação que deve uma vez mais polarizar a campanha. Em 2004, ele deixou de ganhar a eleição por apenas 28 votos...
TRIZIDELA DO VALE DISPUTA COM LUCIO
O PT de Trizidela do Vale definiu pela candidatura de Lúcio Maia. Ele será o candidato de uma coligação que reúne PSDB e PMN. Provavelmente enfrentará um candidato aglutinando o atual prefeito e o grupo do ex-prefeito Paulo Maratá.
ZEQUINHA EM SÃO FÉLIX DE BALSAS
Zequinha é o candidato do PT em São Félix de Balsas. Lá o PT terá cinco candidatos a vereador. A coligação deve ser entre PT e PSB.
SÃO ROBERTO COM “OURO”
Em São Roberto, o PT vai com Francisco Tavares, o “ouro”. São lá cinco candidatos a vereador. A coligação em torno do PT está indefinida...
PRIMEIRA CRUZ COM ALCIDINHO
O PT em Primeira Cruz vai com candidatura própria e uma chapa de cinco vereadores. Lá Alcidinho segue firme numa coligação que deve reunir cinco partidos em seu apoio. Problema também é o candidato do PDT, que mantém candidatura própria.
BARREIRINHAS: MILTINHO DE NOVO
O principal problema de Miltinho para viabilizar sua reeleição em Barreirinhas é a própria Frente de Libertação: PDT, PSDB e PSB estão articulando candidaturas próprias. “O que deve beneficiar o candidato do Sarney, o Albérico Filho”, denuncia Miltinho.
Ele articular sua reeleição com outros partidos (PR, PSC, PP) e com a base de vereadores que lhe apóia na Câmara Municipal. O PT tem uma forte chapa de vereadores para a disputa proporcional, garante Miltinho.
IMPASSE EM PAULINO NEVES
Situação difícil em Paulino Neves. Terra do atual prefeito petista DAMATA, lá o prefeito defende o apoio ao candidato do PSDB. DAMATA sustenta esta posição lembrando que foi acordo de campanha em 2004 que o PT não iria para a reeleição e apoiaria o candidato do PSDB.
Este acordo tornou possível a vitória da coligação em torno de DAMATA e foi definitivo para sua eleição. “Não sou candidato à reeleição por medo ou por que estou mal junto ao povo, mas porque tenho palavra e cumpro os meus acordos”, justifica-se Antonio DAMATA.
Contrário a essa posição, uma parte do PT questiona o acordo e apresenta o secretário de educação, LUÍS CARLOS Ferreira. Nesse quadro, o fato é que dificilmente o PT mantém a em Prefeitura de Paulino Neves, no máximo pode indicar uma vice... a menos que o PSDB não aceite o PT na coligação.
Pelo andar da carruagem, a situação só se definirá nos últimos minutos do dia 30 de junho...
Alterado às 09h41 de 01.06 para colocar foto do Sargento Adalberto e corrigir o número de votos pelo qual ele perdeu a eleição em 2004, conforme correção do nosso leitor Iran Avelar (do PT - Urbano Santos).
Diretório Nacional aprova aliança PSDB-PT em Açailândia
O PT participa do governo ocupando a Secretaria de Agricultura. Com esta posição, Erismar sai fortalecido para disputar uma vaga na Câmara de Vereadores e o partido para reivindicar a vice na chapa majoritária.
O Diretório Nacional também deliberou por novos prazos para que os diretórios municipais comuniquem o partido sobre coligações com o PSDB ou o DEM, partidos de fora do arco de alianças.
Agora fica assim:
1. nas capitais, cidades com mais de 200 mil eleitores ou que transmitam o horário eleitoral - têm até o dia 18 de junho para comunicar diretamente à Executiva Nacional do PT;
2. para cidades com menos de 200 mil eleitores e que não transmitam horários eleitoral - têm até o dia 14 de junho para comunicar à Executiva Estadual do PT.
Abaixo, a íntegra da resolução:
Resolução sobre adequação do prazo de apresentação de propostas de aliança.
Considerando a necessidade de adequar os prazos previstos na Resolução da CEN de 28 de abril de 2008, para apresentação de propostas de aliança com partidos que não compõem a base de apoio do governo federal, o Diretório Nacional resolve:
1. Para as capitais de Estado, cidades com mais de 200 mil eleitores ou que transmitem horário eleitoral gratuito de TV:
1.1. As Comissões Executivas Municipais (CEMs) deverão apresentar as propostas de aliança diretamente à Comissão Executiva Nacional (CEN) até o dia 18 de junho de 2008;
1.2. A CEN se reunirá no dia 23 de junho de 2008 para deliberar sobre as propostas, em caráter terminativo, não cabendo recursos ao DN.
2. Para as cidades com menos de 200 mil eleitores e que não transmitem horário eleitoral gratuito de TV:
2.1. As Comissões Executivas Municipais (CEMs) deverão apresentar as propostas de aliança às Comissões Executivas Estaduais (CEEs) até o dia 14 de junho de 2008;
2.2. As CEEs deverão deliberar sobre as propostas até o dia 18 de junho de 2008;
2.3. Das decisões das CEEs caberá recurso à CEN, que deverá ser apresentado até o dia 20 de junho de 2008, e será julgado no dia 23 de junho de 2008, em caráter terminativo, não cabendo recursos ao DN.
Brasília, 30 de maio de 2008
Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Conferência Eleitoral mobiliza PT (II)
COSTINHA LIDERA EM TURIAÇU
Cinco partidos apóiam COSTINHA para prefeito em Turiaçu. Ele lidera todas as pesquisas de opinião feitas no município. Em pesquisa de março de 2008, apresentada pelo Dep Fed Domingos Dutra na Conferência Estadual Eleitoral, ele aparece, na espontânea, com 33,56%, seguido por Riba Rabelo - 18%, Umbelino – 9,62% e João do Gás – 4,47%. Na estimulada, COSTINHA chega a 41%.
São 17 pré-candidatos petistas a vereador. Lá o desafio é unificar a Frente de Libertação em torno de COSTINHA, pois tanto PSB quanto PDT buscam viabilizar candidaturas próprias.
EDMILSON DISPUTA EM VARGEM GRANDE
EDMILSON Carneiro unifica o PT para disputar a Prefeitura de Vargem Grande. Ele foi escolhido consensualmente no partido para ser o candidato a prefeito. EDMILSON tem o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município (lá são 10 trabalhores(as) filiados ao sindicato), além do PTC.
Ele tenta ainda o apoio do PCdoB. Serão 10 candidato a vereadores do partido.
EDMILSON tem feito campanha de povoado em povoado e acredita que pode vencer em Vargem Grande com muita disposição para se apresentar como o candidato do presidente Lula no município. “Queremos fazer acontecer os programas do presidente Lula em Vargem Grande!”. Este será o discurso principal para o povo de Vargem Grande, antecipa EDMILSON.
VIANA COM ROSE
O PT de Viana apresentará a candidatura própria da companheira ROSE BARROSO. Ela será candidata numa coligação que reúne PT, PSB, PRP e PSL. Serão 10 candidatos a vereadores pelo partido. Com ROSE, o PT busca recuperar a Prefeitura que por duas vezes já foi do PT, com o saudoso Messias Costa (1996-2004).
ADEMAIR EM MATÕES DO NORTE
Cinco partidos (PDT, PPS, PRB, PTdoB e PV) apóiam ADEMAIR Paiva em Matões do Norte. Lá, 11 petistas disputam a eleição para vereador.
COLINAS É FEITOSA
Em Colinas, o PT apresentará Antonio Vieira FEITOSA como candidato a prefeito. Lá, deve reunir o PCdoB e ainda o PSB, de onde deve vir o vice. São 10 candidatos a vereador pelo partido.
SÃO MATEUS COM GENILSON ALVES
Pela segunda vez Genilson Alves disputará a Prefeitura de São Mateus. Ele vem tendo um crescimento eleitoral cada vez maior na cidade (em 2006, obteve mais de 2 mil votos para deputado estadual) e deve surpreender nesta eleição. Na chapa de vereadores, terá a companhia de 12 candidatos a vereador para viabilizar sua eleição em São Mateus.
PRÉVIA DECIDIRÁ TÁTICA E NOME DO PT EM TUTÓIA
O PT de Tutóia decidirá, no dia 20/6, o nome que representará o partido nas eleições de outubro. A depender das conversas com o PCdoB, PSL, PPS e PDT o partido pode lançar nomes a vice ou a prefeito.
Nos próximos 10 dias o partido clareará a situação. Assim, tanto Vanildo Nunes Vieira, quanto Abdon de Andrade Rocha ou Edson Fontinele poderão representar o partido na chapa majoritária.
Rompido com o prefeito após a ida dele para o PMDB, o único cenário descartado é o de apoio ao atual prefeito, Ilzimar Melo Araújo. Na proporcional, o partido apresentará 12 nomes a vereadores.
PT nacional rejeita aliança com PSDB em Açailândia
Por unanimidade, o PT estadual tinha aprovado aliança com o PSDB em Açailândia, em Carolina e em municípios onde o PT integra a chapa majoritária com apoio do PSDB. Com isso, referendou a aliança solicitada por Antonio Erismar, do PT-Açailândia (ligado a Washington) e em Carolina, onde o PT já é vice atualmente. Também antecipou-se apoiando desde já alianças com os tucanos onde o partido estivesse na chapa majoritária (vice) - veja resolução abaixo.
Com a decisão da Executiva Nacional, a qual ainda cabe recurso ao Diretório Nacional (que se reúne este final de semana em Brasília), estão desautorizadas as alianças aprovadas pelo PT-MA.
IMPERATRIZ: RESOLUÇÃO NACIONAL DESFAZ FRENTE DE LIBERTAÇÃO
Esta decisão da Executiva Nacional sobre o caso de Açailândia, se referendada pelo Diretório Nacional, sepulta de vez qualquer possibilidade de aliança entre Jomar Fernandes (PT) e Sebastião Madeira (PSDB) em Imperatriz.
Se o nacional foi rigoroso com municípios menores, imagina com os que estão no critério onde ele chamou pra si a responsabilidade de dar a palavra final (municipios com emissoras de programa eleitoral e pólo da região). Assim, em Imperatriz, o cenário se define, pelo menos para o PT: Jomar segue candidato.
Resolução da Executiva Estadual do PT-MA:
A EXECUTIVA ESTADUAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES –PT reunida em 24 de maio de 2008 , após análise dos recursos referentes a coligações com partidos fora do leque de alianças , conforme resolução do DN , decide:
1. Referendar as alianças com o PSDB nos municípios de Açailândia, onde o PT participa do Governo com o cargo de secretário de agricultura, indicado pela corrente Construindo um Novo Maranhão, e no município de Carolina, onde o PT compõe a Chapa Majoritária desde 1994 com candidatura de Vice;
2. Em situações de novas coligações, referendar coligações onde o PT integre a chapa majoritária com apoio do PSDB;
3. Referendar coligações majoritária com o PSDB, dede que o PT faça parte da chapa (vice).
4. Rejeitar a Coligação com o PSDB no município de Paço do Lumiar, em face do de interenção de terceiro, com abuso do poder econômico, na decisão do diretório municipal, por entender que o processo de escolha se deu viciado, pois ocorreu interferência externa, com o uso de abuso do poder econômico, declarado publicamente pelo dirigente do Diretório Municipal Jean Marcelo.
5. Encaminhar ao diretório Nacional para exame a presente resolução tendo em vista que o Município de Açailândia tem propaganda eleitoral gratuita .
São Luís, 24 de maio de 2008.
EXECUTIVA ESTADUAL DO PAT-MA
domingo, 25 de maio de 2008
Conferência Eleitoral mobiliza PT
Coordenada pelo presidente do partido, Dep Fed Domingos Dutra, pelo coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE), Augusto Lobato, e pela Secretário de Assuntos Institucionais, Franklin Douglas, a conferência foi um momento de socializar as ações do Governo Jackson e do Governo Lula no Maranhão, de orientação sobre a legislação eleitoral para 2008, de socialização das táticas eleitorais nos municípios e de exigenação política para o discurso das campanhas dos pré-candidatos petistas.
Governos Lula e Jackson
A primeira mesa da Conferência abordou as ações dos governos estadual e federal. Foi composta pelo Delegado Regional do MDA, Ínácio Sodré, pelos secretários de Estado Terezinha Fernandes (Trabalho e Economia Solidária) e Ricardo Ferro (Minas e Energia). Objetivou colocar o máximo de informações sobre as ações federais e estaduais nos municípios para que os candidatos do partidos possam disputar a realização das obras nas cidades como ação do PT no governo. "Não podemos deixar que aqueles que nunca estiveram com Lula, agora queiram ser donos dos programas do Lula no Maranhão", discursou o presidente do PT, Domingos Dutra.
Legislação Eleitoral
O professor de Direito Eleitoral e especialista na matéria, Flávio Braga, foi o expositor da mesa sobre a legislação eleitoral para as eleições de 2008. Braga trabalhou todos os momentos das campanha desde a fase da convenção e esclareceu diversas dúvidas dos candidatos sobre prestação de contas, inelegibilidade, abuso da máquina administrativa na campanha, o que pode e o que não pode ser utilizado na propaganda eleitoral. "Out door não pode, material impresso desde que coloque o CNPJ e o nome da gráfica, o CPF de quem pagou, a quantidade do material feita", exemplificou Flávio Braga.
Táticas eleitorais
Todos os candidatos a prefeito e vice-prefeitos do PT puderam falar e informar sobre suas coligações nos municípios. Um por um dos pré-candidatos foi colocando a situação eleitoral na cidade. O PT disputa em quase 50 municípios com candidatura própria, sendo que sai muito bem em cidades como Altamira, Belágua, Brejo, Primeira Cruz, Feira Nova, Governador Nunes Freire, Turiaçu, Vargem Grande, além de ir para a disputa em situação adversa mas que pode ser revertida pela militância petista, como Barreirinhas, Paulino Neves, Imperatriz e em outros municípios onde a questão mal resolvida é dentro da própria Frente de Libertação que apoiou a eleição do governador Jackson Lago.
Vidigal
Pela manhã, a presença marcante foi a do ex-candidato do PT-PSB-PCdoB-PRB ao governo do Estado em 2006, Edson Vidigal (PSB). Em mensagem de saudação ao partido, Vidigal agradaceu ao imporante apoio que teve para ser candidato nas eleições de 2006. "Se não fosse o PT, eu não teria tido a Terezinha de vice e o desempenho eleitoral de 15% dos votos que viabilizou o segundo turno plebiscitário que levou à eleição do Jackson Lago", lembrou Vidigal.
O ex-ministro do STJ também defendeu que o PT e o PSB devem estar prioritariamente juntos agora em 2008. Apenas ganhamos uma batalha; a guerra continua. Temos que consolidar a vitória de 2006 agora em 2008 para fazermos de 2010 o grande triunfo, discursou Vidigal.
Jackson Lago
À tarde, quem visitou a conferência eleitoral foi o governador Jackson Lago (PDT). Jackson conclamou os petistas a marcharem juntos contra todas as adversidades que o governo estadual está enfrentando, alertando que tudo isto está acontecendo por que os poderosos de 40 anos não admitem que o estado possa se desenvolver e atrair investimentos que eles não foram capazes de fazer, fez o governador um ataque velado à oligarquia Sarney.
Jackson lembrou que antes era proibido ministros do Lula virem ao Maranhão, mas que agora a toda semana temos um ministro do Lula para apresentar suas realizações no Maranhão. É este ciclo de desenvolvimento que estamos iniciando no estado, conjuntamente com o governo Lula. São 11 CEFET´s no Maranhão, em oito anos, que serão construídos pelo governo federal; só no ano passado fizemos 103 escolas, quando Roseana construiu apenas 03, comparou.
A conferência eleitoral foi um sucesso, mas sobretudo valeu pelo oxigenada política que deu aos pré-candidatos do partido. No objetivo de preparar o partido para o embate eleitoral, uma agenda de atividades regionais e de acompanhamento às convenções eleitorais será preparada pelo GTE.
Mais informações sobre a Conferência Estadual Eleitoral do PT, iremos publicar aqui no Blog do Treze. Acompanhe por aqui.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Tarso Genro: "Posso ser candidato a tudo ou não ser candidato a nada"
Tarso Genro, Ministro da Justiça Passadas as eleições de outubro, o PT dará a largada nas discussões para a escolha do candidato à Presidência em 2010. Depois de ser representado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cinco pleitos (1989,1994,1998, 2002 e 2006), o partido tem agora a difícil tarefa de encontrar um nome capaz de dar continuidade ao legado de Lula.
Convencido de que esse candidato precisa ter identidade e vínculos fortes com o PT, o ministro da Justiça, Tarso Genro, diz que o partido não pode deixar de ser protagonista em 2010 sob pena de perder sua autonomia política. Tarso diz que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é apenas um dos nomes cotados para concorrer à sucessão de Lula.
A seguir, a síntese da entrevista concedida por Tarso a Zero Hora na sexta-feira, em seu escritório no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre:
Zero Hora - O senhor está convencido de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer um terceiro mandato?
Tarso Genro - Totalmente. Isso foi criado pela oposição, e erramos em cair na discussão. A oposição precipitou o debate eleitoral e o fim aparente do governo Lula. O próprio presidente começou a falar no terceiro mandato para negar, como se o mandato dele estivesse no fim, mas sequer tinha completado o primeiro ano quando a discussão surgiu. Mas não tem a menor hipótese de vingar.
ZH - O que explica a popularidade crescente de Lula?
Tarso - Algumas questões que o governo está acordando são tão universais e antigas que poderiam ser tratadas por qualquer governo medianamente politizado, sem grandes preocupações ideológicas e programáticas. São questões antigas, das quais o país estava carente e que qualquer governo sério abordaria. Quando as pessoas são atendidas minimamente no seu cotidiano, elas podem olhar um pouquinho a história e aí estabelecer uma identidade. Não adianta querer bater, desmoralizar o governo, porque a vida das pessoas está melhorando, elas estão comprando mais, comendo mais.
ZH - O presidente não tem um candidato forte a sucedê-lo na eleição de 2010. Como o PT vai solucionar esse problema?
Tarso - O partido, em função de sua crise, ser anexo de sustentação de uma pessoa como Lula, pelas características de universalidade que ele tem, pela capacidade de se comunicar com a massa, pela liderança que ele é, é uma coisa virtuosa. Agora, num próximo período, ninguém vai ter esse estatuto. Portanto, tem de ser um candidato com profundo vínculo partidário e que compreenda que o partido vai ser um sujeito político importante para compor um sistema de alianças que não se dará exclusivamente em torno da liderança de uma pessoa como foi o caso de Lula.
ZH - Como o PT vai encontrar esse nome?
Tarso - Estamos compondo um grupo de 10, 12 dirigentes do partido, com voz pública, respeitabilidade, relações políticas internas e sólidas para trabalhar esse conceito de núcleo dirigente. Entram nesse grupo Patrus Ananias (ministro do Desenvolvimento Social), Luiz Dulci (ministro da Secretaria-Geral da Presidência), Marco Aurélio Garcia (assessor de Assuntos Internacionais da Presidência) e eu, entre outros. Estamos tratando de partido, e não de candidato.
ZH - A ministra Dilma Rousseff não tem esse vínculo com o partido. Isso exclui sua candidatura?
Tarso - Estamos tratando de núcleo dirigente partidário, e não de candidato. Eventualmente Dilma pode ser candidata, mas atualmente ela não compõe esse grupo porque não tem militância no partido, em grupo nenhum. Não é defeito dela, é um estilo de trabalho. Ela é uma gestora de confiança do presidente com todas as boas características que tem.
ZH - Dilma vai ter de criar esse vínculo com o PT?
Tarso - Esse é um enigma ainda não proposto para nós. Esse grupo dirigente ampliado não travou discussão sobre isso. Estamos fazendo as condições preparatórias para isso. Depois das eleições municipais, vamos começar a discutir 2010.
ZH - Dilma tem chances de se tornar candidata à Presidência?
Tarso - É uma das pessoas que pode ser. Uma das.
ZH - Quem mais poderia ser candidato?
Tarso - Gosto muito de Patrus Ananias (ministro do Desenvolvimento Social), de Jaques Wagner (governador da Bahia). Marcelo Déda (prefeito de Aracaju) é um bom quadro.
ZH - O senhor também se coloca como possível candidato à Presidência ou a governador?
Tarso - Ainda não tenho claro isso. O que estou tentando é ajudar um grupo de companheiros a criar uma nova hegemonia no PT. Depois vou discutir essa questão, independentemente de ser candidato a vice-presidente, a presidente, a governador ou a senador. Se colocar esse tipo de questão agora, perco autoridade no processo de reorganização do partido. Passo a ser parte interessada.
ZH - O fato de o presidente elogiar Dilma com freqüência e dar demonstrações de que gostaria que ela fosse candidata não pode influenciar a decisão do PT?
Tarso - O presidente está testando o nome de Dilma. Mas eu também já fui lançado à Presidência por Lula. Lembra? Em 1998. O que eu dizia naquela época: eu só admito falar do meu nome se Lula não for candidato. Ele era o meu candidato. É claro que tem importância e até é bom que o presidente jogue um nome.
ZH - O presidente consegue transferir sua popularidade ao candidato que apoiar?
Tarso - Acho que consegue. Lula vai ter uma grande influência na eleição. O que pode ocorrer é no primeiro turno ele ter uma posição discreta, já que pode haver dois candidatos aliados. Além de Ciro Gomes (PSB), pode ser que Aécio Neves (governador de Minas Gerais, do PSDB) vá para o PMDB e se torne candidato da base aliada.
ZH - Há possibilidade de o PT apoiar um aliado?
Tarso - Não. O PT vai ter candidato a presidente. Anote isso. O PT tem de apostar na regeneração como sujeito político, ou nunca vai ter autonomia como partido. Não tem dirigente partidário que não tenha essa visão, dos moderados aos mais extremos. Como um partido que tem um presidente da República não vai concorrer a sua sucessão?
ZH - O senhor acredita que Aécio Neves vá para o PMDB?
Tarso - A minha impressão é que sim. Conversei com Aécio, e ele não rejeitou essa possibilidade, não foi peremptório. Pode ocorrer uma coisa muito extravagante nas eleições presidenciais. No limite, se tiver dois candidatos da base aliada e um desses candidatos for mais forte que o do PT e Lula não quiser participar do primeiro turno, o PT pode não ir para o segundo turno. Se Aécio for para o PMDB, podem ir para o segundo turno Aécio e José Serra (governador de São Paulo pelo PSDB). Aí vai depender de como Lula vai se mover.
ZH - O seu nome desponta como principal candidato do PT a governador. Como o partido vai conduzir essa escolha?
Tarso - Há uma avaliação da maioria dos dirigentes de que não deve haver prévia para escolha do candidato. Se Olívio Dutra (ex-governador) disser que quer ser candidato e for para uma prévia, eu, no limite, diria: "Vai". Não há condições de retomar o espírito de prévia para recriar uma hegemonia depois da prévia. O candidato a governador vai ter de ser negociado. Não vou a uma prévia para ser candidato. Posso ser candidato a tudo e posso não ser candidato a nada. Agora, não me atrai o parlamento. Não me atrai ser candidato a senador e ter de me vincular oito anos ao Senado ou ficar quatro anos para depois ser candidato a governador novamente. Não sou mais guri. Tenho 61 anos.
sábado, 17 de maio de 2008
Articulação de Washington com o PSDB
Agora, nada mais nada menos do que o pessoal de WL é quem defende o apoio à reeleição do prefeito tucano Ildemar Gonçalves, em Açailândia. Como fica agora o discurso de Washington, que responsabilizava a aproximação do PT ao PSDB no Maranhão exclusivamente ao deputado federal Domingos Dutra?
Pelas regras definidas pela Executiva Nacional do Partido, o dia 10 de maio foi o último prazo para que instâncias municipais comunicassem ao Diretório Regional a intenção de coligar com PSDB e DEM - partidos de fora do arco de alianças do PT.
Pelo visto, possibilidade de PT e PSDB estarem juntos, só mesmo em Açailândia. Nenhum outro município comunicou essa pretensão. Nem Imperatriz (que vai mesmo é de Jomar); nem Paço do Lumiar (que agora fica entre Bia Aroso e Raimundo Filho); nem Bequimão, onde o delegado regional do MDA, Inácio Sodré - também ligado a Washington - defendia o apoio a uma ampla coligação que envolvia o PT e PSDB.
Encontro Institucional do PT deve tratar do assunto ainda este mês de maio. Abaixo, os documentos das duas partes do partido (à favor e contra) a aliança com o PSDB em Açailândia.
Com o PSDB - proposta defendida por Antonio Erismar e Luís Marias:
CONSIDERANDO, que o Partido dos Trabalhadores fez uma coligação no ano de 2004 com o PSDB, que foi vitoriosa, e compõe o Governo Municipal desde 2005 ocupando o Cargo da Secretaria de Agricultura;
CONSIDERANDO, que a Resolução de 24 de março de 2008, estabelece critérios para coligação com Partidos fora da Base de Apoio ao Governo LULA, Açailândia é cidade que transmite horário eleitoral gratuito de TV;
CONSIDERANDO, que a Executiva Estadual em Resolução do dia 31 de março de 2008, orienta os Diretórios Municipais e Comissões Provisórias do PT no Estado a compor alianças com os Partidos da Base de sustentação do Governo Jackson Lago;
CONSIDERANDO, que no nosso Encontro de Tática Eleitoral e no Encontro de Definição de Política de Alianças, o PT decidiu por 82% dos votos uma Aliança estratégica com o PSDB, para alcançarmos a Eleição de Vereadores do PT;
CONSIDERANDO, que a Resolução da Executiva Nacional estabelece o dia 10 de maio com data limite para apresenta dessa proposta;
A Executiva Municipal do Partido dos Trabalhadores de Açailândia, vem ENCAMINHAR, a Executiva Estadual, o pedido de Aprovação da continuidade da Aliança neste Município de Açailândia com o PSDB, apoiando a Reeleição do Prefeito ILdemar Gonçalves do Santos.
Certos do Empenho da Executiva estadual com o crescimento do PT no Estado.
Açailândia – MA, 10 de maio de 2008.
Executiva Municipal de Açailandia
Luis Matias Guedes – PresidenteAntonio Erismar de Castro – Secretário Geral
Recurso contra a aliança com o PSDB - defendida por Raimundo Rodrigues
O Encontro municipal de Açailândia realizado no dia 10 de maio que aprovou proposta de aliança com PSDB, pra mim ouve varias irregularidades e descumprimento do estatuto e das resoluções para os encontros e prévias das eleições 2008.
1 – De acordo com o artigo 2º do regulamento e 142 do Estatuto do PT, quando 1/3 (um terço), no mínimo, dos membros do Diretório ou da Comissão Executiva Municipal apresentar proposta de apoio a candidato a Prefeito de outro partido, deverá ser realizado, antes da abertura de inscrições a pré-candidatos, um Encontro Municipal para definir a política de alianças e a tática eleitoral, denominado Encontro de Definição de Tática Eleitoral. O Encontro de Definição de Tática Eleitoral foi realizado dia 19 de abril e não foi apresentado proposta de aliança com o PSDB.
2 – A realização do Encontro e a definição de proposta de aliança com o PSDB realizado dia 10 de maio foi uma manobra política do grupo majoritário que ferem o artigo 3º e 4º do regulamento das prévias e encontros de 2008, porque não foram observados os procedimentos dos artigos 3º e 4º e as recomendações sobre a política de aliança de 2008 que diz que devemos obedecer aos seguintes critérios:
1) alianças programáticas com base nas propostas de governo democrático e popular;
2) defesa do governo Lula;
3) candidaturas com perfil democrático e princípios éticos. Não houve inscrição de uma proposta por escrito que pudesse atender pelo menos um dos 3 critérios da política de alianças 2008, porque a atual aliança do PT com PSDB não vem atendendo nem um do três critérios da política de alianças.
3 – Açailândia é transmissora de horário eleitoral gratuito de TV e Radio a recomendação é que e eventuais alianças com partido fora da base de apoio ao governo devem ser tratadas como exceções, que serão debatidas e deliberadas em encontro municipal. O Encontro aconteceu, mais em Açailândia temos quase 300 filiados com mais de um ano de filiados e em condições de votarem, mais compareceram apenas 56 pessoas, devido o encontro ter sido convocado dia 07 de maio pra ser realizado dia 10. A maioria absoluta dos filiados não ficou sabendo deste encontro porque não ouve tempo hábil para avisar todos os filiados. Um encontro importante como esse não pode começar às 10 horas e terminar às 12 horas. Outra observação que quero fazer é que todos os membros do Diretório votaram quando o regulamento diz que são apenas observadores com direitos a voz e não a voto.
4 - A proposta de aliança com o PSDB é extremamente prejudicial às nossas pretensões de se fazer vereadores em 2008, porque os 05 Partidos que estão com o PSDB têm vereadores de mandato e lideranças que obtiveram mais de 800 votos na ultima eleição.
Diante do exposto, Solicito desta Comissão Executiva Estadual as providencias cabíveis. Apresento a Vossa Senhoria protestos de elevada estima e distintas considerações.
Raimundo Rodrigues da Silva - Membro do DM de Açailândia
Deu na Folha: Acordos PT-PMDB para eleição naufragam
Peemedebistas vêem falta de "contrapartida"
PT e PMDB têm negociação em só 34 cidades; em outros 5 municípios, os acordos estão indefinidos e, em 61, a chance de aliança é mínima
SIMONE IGLESIASRANIER BRAGON DA SUCURSAL DE BRASÍLIA (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1705200816.htm)
O planejamento do PT de fazer do PMDB seu maior aliado nas eleições municipais deste ano, especialmente nas cem maiores cidades do país, esbarra em problemas locais e, segundo peemedebistas, na falta de "contrapartida", fazendo com que acordos em estágio avançado naufraguem.
Dos cem maiores municípios, PT e PMDB negociam disputar juntos em apenas 34, enquanto em 61 não existe até o momento acordo capaz de convencer petistas e peemedebistas a deixarem de se enfrentar nas urnas. Em cinco municípios há indefinição.
As direções nacionais do PT e do PMDB resolveram estimular ao máximo as alianças nos principais colégios eleitorais, mas esse esforço não tem se concretizado. São Paulo e Salvador eram tratadas como as melhores vitrines dessa parceria. Em Campo Grande (MS) e Maceió (AL), alianças que já tinham sido praticamente fechadas acabaram suspensas.
Em Manaus (AM), a coligação naufragou, e os petistas realizam prévia neste domingo para lançar candidato próprio.Na capital paulista, o PMDB surpreendeu os petistas ao apoiar a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM). A decisão do PT de Salvador (BA) de fazer prévia entre quatro pré-candidatos implodiu a coligação com o PMDB, contrariando negociação entre o Palácio do Planalto e o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) em favor do apoio a João Henrique (PMDB).
"O PT tem dificuldade pelo número de tendências internas em dar apoio. Tem mais facilidade em ser apoiado. É difícil ter contrapartida", disse Geddel. Ele criticou a posição do PT baiano de desfazer o acordo."Em Salvador, tínhamos clara expectativa de receber apoio do PT. Sou do PMDB e ministro do Lula e, em vez de fecharmos acordo, o PT resolveu encerrar as negociações. Em Maceió, onde estava tudo encaminhado, também degringolou", disse.Para a direção nacional do PT, as dificuldades esbarram nas diferenças regionais, mas o partido fará o possível para resolver impasses.
"Queremos o PMDB como principal aliado e isso é importante porque sinaliza para 2010. As eleições municipais são o primeiro tempo de um jogo que se completará daqui a dois anos, quando buscaremos a continuidade de um processo que se iniciou em 2002, com a eleição do presidente Lula", disse Romênio Pereira, secretário de Assuntos Institucionais do PT nacional.
Segundo ele, na medida em que insistirem no entendimento nas grandes cidades, acabarão aliados em mais de 2.000 municípios. "As alianças nas grandes cidades terão reflexo nos municípios do interior."O problema é que esse entendimento não está sendo fácil. Há um mês, o PT calculava que faria acordo com o PMDB em 14 capitais. Hoje, há perspectiva de se concretizar em sete: Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Teresina (PI), Natal (RN), Vitória (ES) e Boa Vista (RR), sendo que o PT terá o apoio do PMDB em cinco e apoiará os peemedebistas em apenas uma, Goiânia. Em Boa Vista, ambos apoiarão o PSB.Em 15 capitais, as chances são mínimas e, em algumas delas, totalmente inviáveis, como São Luís (MA), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC) e Rio Branco (AC).
Em 2004, sem o estímulo das direções partidárias para que houvesse coligações, PT e PMDB concorreram aliados em apenas cinco das cem maiores cidades do país (três capitais) e, em 2000, disputaram unidos em seis municípios, mas em nenhuma capital.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Bira desabafa: decisão do PT de não ter candidato próprio foi insensata e injusta
O ex-candidato a senador pelo PT, Birá do Pindaré, afirma que a decisão do partido em não apresentar candidatura própria a prefeito de São Luís, a do próprio Bira, foi “insensata e injusta”.
O petista acusa diretamente o suplente Washington Oliveira e a deputada estadual Helena Heluy pela manobra que levou a legenda a fazer aliança com o PC do B. Diz que a pré-candidatura dele aparece com dez por cento das intenções de voto e a do deputado federal Flávio Dino com apenas dois pontos.
“A decisão do PT de São Luís, sob o comando do suplente de deputado Washington e da deputada Helena, foi insensata e injusta. Insensata porque descartou uma candidatura do partido que pontua nas pesquisas na casa dos dez por cento em favor de outra que não passa dos dois por cento. Injusta porque não há um único motivo que justifique me alijarem desse modo. Sempre fui filiado ao PT e há 20 anos milito nas lutas do povo maranhense. Nunca descumpri qualquer que fosse a decisão do partido. Nunca ataquei publicamente qualquer uma de nossas lideranças. Nunca participei de qualquer ato que viesse a desabonar minha conduta ou constranger nossa militância. Sem falar que nas últimas duas eleições defendi e apoiei Helena como candidata do PT à prefeita de São Luís, embora com chances muito menores. Sinto-me realmente injustiçado”, assegura.
Do interior do Maranhão, Bira do Pindaré se graduou em direito e é mestre em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Maranhão, e um militante histórico do PT que sempre esteve presente nas lutas populares, com passagem também pelas comunidades de base da Igreja Católica, onde iniciou; pelo movimento estudantil; e pelo movimento sindical quando presidiu o Sindicato dos Bancários. Foi também delegado Regional do Trabalho e teve atuação reconhecida principalmente pela luta contra o trabalho escravo.A seguir a entrevista com Bira, que atualmente integra a Assessoria Especial do Governo do Estado, sendo um dos responsáveis pelo projeto Governo Participativo que cuida da relação com a sociedade civil organizada. Ele sempre apoiou Lula e ajudou na eleição de Jackson, e como candidato a senador teve mais de meio milhão de votos, a maior votação que um petista já obteve no Maranhão.
Bira acusa Washington Oliveira e Helena Heluy de manobrarem para a aliança entre o PT e o PC do BNa última eleição, apenas duas pessoas tiveram mais votos que ele em São Luís: Lula, atual presidente; e Jackson; com votação superior à de três ex-governadores: Cafeteira, Roseana e Castelo.
Jornal Pequeno – Qual a avaliação que você faz do resultado do processo de escolha do candidato do PT?
Bira do Pindaré – A decisão do PT de São Luís, sob o comando do suplente de deputado Washington e da deputada Helena, foi insensata e injusta. Insensata porque descartou uma candidatura do partido que pontua nas pesquisas na casa dos 10% em favor de outra que não passa dos 2%. Injusta porque não há um único motivo que justifique me alijarem desse modo. Sempre fui filiado ao PT e há 20 anos milito nas lutas do povo maranhense. Nunca descumpri qualquer que fosse a decisão do Partido. Nunca ataquei publicamente qualquer uma de nossas lideranças. Nunca participei de qualquer ato que viesse a desabonar minha conduta ou constranger nossa militância. Sem falar que nas últimas duas eleições defendi e apoiei Helena como candidata do PT à prefeita de São Luís, embora com chances muito menores. Sinto-me realmente injustiçado.
JP – Qual o impacto da decisão do PT não sair com candidato a prefeito na capital?
Bira – Se não temos candidato ficaremos ausentes do debate público e perderemos espaço na luta política e a maior chance que já tivemos de sermos alternativa real na disputa pelo poder local. Deixaremos de ser protagonistas para sermos coadjuvantes. Na campanha, perderemos o 13, um enorme tempo de televisão e, por conseguinte, os votos de legenda, diminuindo a chance de eleger vereadores, além de reduzir nossa influência nas eleições no interior. Mas, sobretudo, perderemos o brilho, pois mais uma vez iremos à reboque. Isso é negar a natureza política de um partido político.
JP – Qual é o clima junto à militância?
Bira – De total desalento. As pessoas estão desapontadas e não querem acreditar que o Diretório Municipal abriu mão de uma candidatura com tanto potencial quanto a nossa. Mas é assim. Temos que levantar a cabeça e seguir adiante.JP – Vai acatar a decisão de se coligar indicando o vice ou há algum tipo de recurso?Bira – Embora tenha nos faltado apenas 6 votos para obter maioria num Encontro onde o voto secreto não foi respeitado, permitindo todo tipo de patrulhamento, não há questionamentos da nossa parte que ensejem qualquer tipo de recurso. O que questionamos é a legitimidade. Como explicar que uma tese que obteve apenas 6% dos votos dos filiados tenha sido vitoriosa no Encontro? É muito difícil!...
JP – Quais os próximos passos?
Bira – Continuo aberto ao diálogo. Temos que aguardar os desdobramentos. Há muita coisa indefinida. Estamos reunindo nosso grupo e discutindo coletivamente. O desafio é como fazer do limão uma limonada.
JP – Como se dará a escolha do vice que o PT vai indicar na coligação com o PC do B?
Bira – O vice será escolhido em um novo encontro com os mesmos delegados e ele está programado para o dia 8 de junho próximo.
JP – E se o PC do B vier a entregar a vice para outra legenda, na tentativa de ampliar a coligação?
Bira – Aí a confusão será grande! A decisão do PT foi de coligar indicando a vice. Pelo que informaram os dirigentes municipais do partido, isso já está acordado. Portanto, nem cogito essa hipótese.
JP – Será candidato a vice ou a vereador?
Bira – Após a campanha para o Senado, onde saímos vitoriosos politicamente, com mais de meio milhão de votos, preparei-me para ser prefeito de São Luís, como candidato natural. Nunca me ofereci para ser vice de ninguém. Vereador, nosso grupo tem 19 pré-candidatos. Não tratamos nada a respeito ainda. O que posso afirmar é o seguinte: só assumirei tarefas dessa natureza se for pra ajudar o partido. Como não há propostas oficialmente colocadas não há o que discutir. A responsabilidade é de quem comanda o partido no município.
JP – Qual a avaliação do trabalho junto à Assessoria Especial do Governo e dos fóruns realizados pelo governo no interior do estado?
Bira – Sinto-me satisfeito com o trabalho que realizamos ali, afinal estou fazendo algo com o qual me identifico que é a participação popular. A experiência do projeto Governo Participativo é o que há de mais inovador no governo Jackson. É algo que nós petistas conhecemos bem. Já foram realizados três encontros populares com o governo, onde foram apresentadas e discutidas as demandas da sociedade civil e muitas delas já foram atendidas. Se até o final do governo forem atendidas pelo menos 70% das demandas, será um marco no estado do Maranhão.
JP – Algo mais?
Bira – Gostaria de agradecer a toda militância que acreditou e se dedicou nessa luta pela nossa indicação como candidato a prefeito de São Luís. Como não posso citar todas as pessoas, espero que se sintam representadas em lideranças como Manoel da Conceição, Sílvio Bembem, Augusto Lobato, Márcio Jardim, Domingos Dutra, Franklin Douglas, Jomar Fernandes, Valdinar Barros, Terezinha Fernandes. Também registro um agradecimento especial a Renato Simões, membro da Executiva Nacional, e o professor Pinheiro, vice-governador do Ceará, pelo empenho.
sábado, 3 de maio de 2008
Nova enquete no Blog
A tese vitoriosa tirou Bira do Pindaré da disputa de prefeito e colocou o PT para apoiar a candidatura do deputado federal Flávio Dino, do PCdoB.
Deixa a sua opinião.
Deu no Ricardo Santos
Registre-se o fato captado por Márcio Jardim: ao perguntar a uma delegada da tese pró-PCdoB quem era Flávio Dino, ela respodera: é um estudante da universidade que deu uma palestra na minha escola...
Como lamenta o companheiro Osvaldo, do Sindicato dos Correios, ganharam os filiados, perderam os militantes do PT... Ou como diz o Sobrinho, do PT de Presidente Dutra, tem gente no PT que acostumou tanto a ser suplente que desistiu de ser titular...
Veja a impressão de quem observa de fora, no blog do Ricardo Santos (http://ricardosantoscontraponto.blogspot.com/):
Ontem o deputado estadual petista Valdinar Barros deu entrevista, considerando um erro o apoio a Flávio. Em São Luís o que se ouve das principais lideranças é que eles vão cruzar os braços.
De volta
Fiquei gratamente surpreso pelo número de visitas constantes, mesmo o blog desatualizado. Alcançamos as mil visitas (quando chegar a um milhão também publico um anúncio em jornal rsrs!). São mais de 300 leitores. Obrigado. Aqui estamos nós de volta!
domingo, 24 de fevereiro de 2008
POSSES NO PT
Participei da posse do novo diretório municipal do PT de Itapecuru (16/2). Lá também esteve Dutra. Bastante representativa. Quase 200 filiados presentes à solenidade, que contou com a participação de representantes do PCB, PTB, PDT.
O novo presidente, Zeca do PT, tem clareza dos desafios do partido no município: construir uma aliança que viabilize os candidatos a vereador pelo partido e leve o companheiro Jerônimo uma vitória na cidade, derrotando o Junior Marreco – atual prefeito. O processo de negociação deve definir se a aliança será liderada pelo PT ou pelo PDT, na escolha do candidato à prefeitura. A chapa de vereadores já está formada e foi apresentada: 16 companheiros e companheiras já estão na luta pelo votos. Boa sorte ao PT de Itapecuru.
Rosário
Também estive na posse do Diretório de Rosário (16/2). Walter foi empossado para novo mandato à frente do partido. Lá estiveram também Bira, Bembem, Augusto, Ricardo Ferro e Dutra. Além dos representantes do PCdoB, PDT e PSB, que estão construindo uma perspectiva de coligação.
O PT de Rosário se prepara para disputar pra valer a prefeitura, com o bancário Reginaldo. A chapa de vereadores também já está já em formação.
São Mateus
O novo diretório do PT em São Mateus também tomou posse, no dia 17/2. Genilson Alves dirigirá o partido pelos próximos dois anos. Lá, será a alternativa do partido para a disputa da prefeitura. Concorrerá contra o atual prefeito, Rovélio, e o advogado Miltinho (PSB).
Genilson foi candidato a deputado estadual em 2006 e obteve 2.300votos dentro de São Mateus. O que lhe coloca como fiel da balança no processo eleitoral, podendo surpreender e se tornar a novidade na eleição, ante o prefeito desgastado e o surrado Miltinho, que vai para a quarta eleição consecutiva.
Poção de Pedras
Tomou posse também o novo diretório de Poção de Pedras (17/2). O nov diretório conseguiu reunir em sua posse as duas principais alas do partido: lá estiveram Dutra, Monteiro e Washington.
Pinheiro
Também foi empossado o novo diretório de Pinheiro. Lá, a presidenta Lucinez deve guiar o PT para uma possível ampla aliança em torno de um candidato que reedite a Frente de Libertação de Pinheiro contra o atual prefeito Filuca, que concorre à reeleição. Da posse participaram Augusto Lobato, Ricardo Ferro e Dutra deve unificar.
Santa Helena
O ex-candidato a deputado estadual, Orlando (PT), tomou posse no PT de Santa Helena (22/2). Foi uma mega-festa em praça pública, com a banda Reprise. Atraiu 3.000 pessoas. Dutra, que esteve por lá, discursou animado para a população.
Polêmica aberta: credor mesmo?
A DÍVIDA PÚBLICA NÃO ACABOU!
Acúmulo de Reservas Cambiais = Farra dos Especuladores e Explosão da Dívida Interna
Rodrigo Vieira de Ávila
Economista da Campanha Auditoria Cidadã da Dívida
Rede Jubileu Sul Brasil
Depois de divulgar amplamente o pagamento antecipado ao FMI, em 2005, dia 21 de fevereiro de 2008 o governo anunciou mais um suposto marco histórico: o de que os ativos do país no exterior, constituídos fundamentalmente pelas reservas internacionais, superaram a dívida externa pública e privada. Alega o governo que esta é uma evidência da superação do problema da dívida.
Em primeiro lugar, cabe ressaltar que este suposto recorde não passa de manipulação estatística, originada em 2001, durante o Governo FHC, e perpetuada no governo Lula: a exclusão dos empréstimos intercompanhia (dívidas de filiais de transnacionais no Brasil com suas matrizes no exterior) do cálculo da dívida externa. Estes empréstimos dobraram em 2007, passando de US$ 20 bilhões para US$ 42 bilhões, mas são ignorados pelo governo, para que possa propalar um suposto marco histórico.
Em segundo lugar, o que está por trás deste acúmulo desenfreado de reservas cambiais? Uma verdadeira farra dos especuladores nacionais e estrangeiros, que trazem seus dólares em massa ao Brasil para comprar títulos da dívida “interna”, em busca dos juros mais altos do mundo. O resultado disto é a explosão da dívida interna, que atingiu R$ 1,4 TRILHÃO em dezembro de 2007, tendo crescido 40% em apenas 2 anos!
Em 2007, o governo federal gastou R$ 237 bilhões com juros e amortizações da dívida interna e externa (sem contar o refinanciamento, ou seja, a chamada “rolagem” da dívida), enquanto apenas gastou R$ 40 bilhões com a saúde, R$ 20 bilhões com a educação e R$ 3,5 bilhões com a Reforma Agrária. E o governo ainda tem coragem de afirmar que a dívida não é problema!
Conforme denunciado na 3ª Edição da Cartilha “ABC da Dívida” (que estará sendo lançada em breve pela Campanha Auditoria Cidadã da Dívida / Rede Jubileu Sul Brasil), a recente isenção fiscal de Imposto de Renda sobre os ganhos dos estrangeiros, o estabelecimento e a manutenção de taxas de juros altíssimas, e a total liberdade de movimentação de capitais têm gerado as condições para um verdadeiro ataque especulativo contra o Brasil. Os investidores estrangeiros trazem seus dólares para investir na Bolsa e em títulos da dívida interna, e assim forçam a desvalorização do dólar frente à moeda brasileira (o Real). Os bancos e empresas nacionais também se aproveitam disso, tomando empréstimos no exterior (mais baratos devido às baixas taxas de juros) para emprestar ao governo brasileiro, por meio da compra de títulos da dívida interna, recebendo uma fortuna em troca disso, devido às altíssimas taxas de juros do Brasil. Não há limite algum para estas operações, e o Banco Central (BC) compra estes dólares e fornece títulos da dívida interna de acordo com o fluxo de moeda estrangeira ao país. Quando recebem seus lucros e juros em reais, os investidores podem trocá-los por maior quantidade de dólares – uma vez que a moeda brasileira se valorizou – e assim cumprir seus compromissos com o exterior, tendo um lucro extra.
Em 2007, o Real se valorizou 20% frente ao dólar. Portanto, o investidor estrangeiro que no início de 2007 trouxe dólares para aplicar na dívida interna brasileira ganhou, durante o ano, 13% em média de juros, e mais 20% quando converteu seus ganhos em dólar. Portanto, em 2007, os estrangeiros ganharam uma taxa real de juros (em dólar) de mais de 30% ao ano!
Por outro lado, o Banco Central, comprando a moeda estrangeira trazida pelos especuladores, termina ficando com o mico, ou seja, o dólar, que está se desvalorizando. O BC também aplica os dólares (recebidos dos investidores e exportadores), só que em títulos do Tesouro Americano (que ajudam Bush a financiar seu déficit e suas políticas, como a invasão do Iraque), que rendem perto de um terço dos juros pagos pelo governo brasileiro pelos títulos da dívida interna. Além do mais, como o dólar está em forte desvalorização, os juros pagos pelo Tesouro Americano são, na realidade, negativos para nós.
O resultado disto tudo é um imenso prejuízo para o Banco Central: chegou a R$ 58,5 bilhões apenas de janeiro a outubro de 2007. Este prejuízo é bancado pelo Tesouro Nacional, e correspondeu ao dobro de todos os gastos federais com saúde no mesmo período. Por outro lado, os banqueiros, que se beneficiam desta manobra, não páram de bater recordes de lucro.
Portanto, este suposto marco histórico divulgado pelo governo esconde, na realidade, uma verdadeira reciclagem do velho mecanismo de espoliação da dívida externa, com uma nova máscara: o endividamento “interno”. Este mecanismo é altamente rentável aos investidores estrangeiros, uma vez que, desta forma, eles ficam imunes à desvalorização da moeda americana, recebendo seus lucros e juros em uma moeda que não pára de se fortalecer frente ao dólar.
Além do mais, quando o governo alega que possui recursos para pagar toda a dívida externa, faz uma apologia ao pagamento de uma dívida ilegítima e já paga várias vezes com o sangue e suor do povo, desde os anos 80, quando os EUA, de modo unilateral e ilegítimo, multiplicou as taxas de juros incidentes sobre a dívida externa, levando o Terceiro Mundo à recessão e ao desemprego.
Não há saída para o endividamento sem uma ampla e profunda auditoria, que quantifique quantas vezes já pagamos esta dívida e a que custo social e ambiental. Somente assim poderemos nos libertar dessa amarra que continua nos aprisionando, apesar do governo prosseguir em sua manobra diversionista, tentando sistematicamente, através da divulgação de dados manipulados e parciais, desqualificar os movimentos sociais em favor da auditoria da dívida, na tentativa de esconder que o endividamento continua sendo, cada vez mais, o centro dos problemas nacionais.
domingo, 10 de fevereiro de 2008
PT completa 28 anos
No Maranhão, o PT passou por várias fases nestes 28 anos: já foi dos "Estudantes", dos "Barbudos da CUT", do "PT de Aço camponês", de "Washington", de "Dutra"... desde a fundação mantém laços fortes com o movimento social, embora hoje mais tênues e menos centralizados por uma estratégia partidária. Especialmente no movimento estudantil universitário, onde formou lideranças como Jomar Fernandes, Carmem Silva, Marcio Jerry, Flávio Dino, Mário Macieira e diversas outras nos anos 90, não existe mais...
Na sua trajetória eleitoral elegeu uma das primeiras prefeituras do partido, em Santa Quitéria, em 1985. Foi a primeira experiência como legenda de aluguel... o prefeito não durou muito no partido. Em 1988 elegeu seu primeiro vereador na capital: Kleber Gomes.
No anos 90, elegeu Dutra e Vila Nova deputados estaduais (1990); em 1992, elegeu pela primeira vez um parlamentar oriundo do movimento reggae em São Luís, Ademar Danilo; em 1994, reelege Vila Nova deputado estadual e elege Dutra e Haroldo Saboia deputados federais (este numa luta que envolveu todo o movimento social contra a fraude eleitoral e pela recontagem, em 1995); em 1996, elege Dutra vice-prefeito de Jackson Lago em São Luís e dois vereadores: Helena e Joan Botelho. Do interior do estado ganharia pra valer com Messias eleito prefeito de Viana e, só por alguns instantes, em Santa Rita, com o Padre Osvaldo; em 1998, elege Jomar Fernandes para a Assembléia Legistativa.
Inicia os anos 2000 elegendo Jomar prefeito de Imperatriz e reelegendo Messias prefeito de Viana. Dezenas de vereadores e alguns vice-prefeitos eleitos também começam a projetar as lideranças municipais do partido. São Luís elege Haroldo Saboia vereador. Em 2002, elege pela primeira vez uma mulher para o Congresso Nacional, Terezinha Fernandes deputada federal. Para a Assembléia Legislativa são eleitos Dutra e Helena. Em 2004 ganha as prefeituras de Barreirinhas, Paulino Neves, Bom Jesus das Selvas, Apicum-Açu, mais vereadores e vice-prefeitos. Contudo, a derrota de Imperatriz e não eleger nenhum vereador em São Luís ofuscam suas vitórias em outros municípios.
A segunda metade dos anos 2000 promete ser mais promissora para o partido: em 2006, elege Dutra deputado federal, Valdinar Barros e Helena estaduais e contribui decisivamente para a eleição de Jackson Lago para o governo do Estado. Com Lula aliançado com Sarney, a rebeldia do PT maranhense em apoiar Jackson, e não Roseana - mesmo contra a vontade do presidente Lula - reafirma a marca do PT/MA: indomavelmente rebelde... além de contantemente em briga interna entre suas tendências.
O fato é que, nestes 28 anos, o PT agora não é mais dos meninos barbudos, mas dos grisalhinhos e grisalhinas. Até que a juventude o renove! Parabéns PT.
Há 98 anos nascia Maria Aragão
Se viva fosse, complateria 98 anos. Neste mesmo dia em que nascia o PT, há 28 anos. Ambos, portadores da esperança do povo. Maria não chegou a ver em vida a derrocada da oligarquia. O PT-MA contribuiu decisamente para isto. Podemos dizer que este poderia ser o grande presente que os petistas poderiam dar a Maria Aragão.
Abaixo, registro o artigo que escrevi quando da escolha do maranhense do século, campanha nacional da Globo e suas afiliadas (A Mirante, no Maranhão), feita em 2003. Deu João do Vale, Maria ficou em segundo. Foi a melhor dupla que os maranhenses poderiam escolher para serem referência do século XX.
Todos por Maria!
Em relação às iniciativas da Rede Globo, o passado da emissora de Roberto Marinho nos obriga a colocar dois, e não apenas um pé atrás. Nascida por meio de uma negociação inconstitucional (acordo Globo–grupo americano Time Life), condenada em investigações de CPI do Congresso Nacional, em 1965, a Rede Globo se consolidou como a maior TV brasileira nestes últimos 35 anos. Isso a partir de um ostensivo apoio ao regime militar e de dar apoio – e ser apoiada – pelos governos que passaram pela República pós-Ditadura (Sarney, Collor, FHC).
A mais recente destas iniciativas da telinha do plim-plim, porém, merece que tiremos o chapéu. A eleição das personalidades do século – que compõe o projeto da emissora Nordestinos do Século XX – pelo povo de cada Estado é uma ação que nos faz refletir sobre o que construímos enquanto civilização nestes últimos 100 anos. E, em voto popular, a legítima escolha por aquele(a) que acreditamos simbolizar essa caminhada para os maranhenses.
Uma iniciativa comprobatória do poder ideológico da emissora do Jardim Botânico, que vem construindo significativa parte dos símbolos pelos quais o povo brasileiro vem se alimentando. Mas que, ao contrário de outras anteriores, traz um traço menos unilateral, mais horizontal e democratizante. A palavra final na escolha do maranhense do século é nossa: consumidores e/ou cidadãos.
Assim, mais do que declarar o voto em Maria Aragão como personalidade maranhense do século XX, quero conclamar a cidadania maranhense a ter uma ação ativa neste processo.
Se a disputa de mercado impõe à Rede Globo/Mirante a nos consultar, o nosso compromisso com a história de resistência do povo do Maranhão (do negro Cosme às manifestações populares pelo fim do crime organizado, passando pelas greves de 51 e de 79 - pela meia passagem – e ocupações camponesas e urbanas) nos chama a desenvolver um amplo processo de mobilização em torno da consolidação de Maria Aragão como ícone da história dos oprimidos maranhenses, esquecida nas páginas dos livros didáticos em nossas escolas.
Como sindicalista e fundadora da CUT, Maria Aragão lutou pela organização dos trabalhadores. A todos, sindicalistas e sindicalizados, que lutam por melhores salários, mais emprego e melhores condições de vida, cabe o voto em Maria.
Como professora, Maria Aragão defendeu um ensino público e gratuito. A todos, estudantes e professores, que lutam por uma educação de qualidade, cabe o voto em Maria.
Como médica, Maria Aragão exigiu uma sáude de qualidade e universal. A todos, profissionais da área de sáude e comprometidos com um sistema eficiente de saúde pública, cabe o voto em Maria.
Como negra e mulher, Maria Aragão se rebelou contra as discriminações étnicas e de gênero. A todos que não se calam diante dos desrespeitos aos direitos humanos, cabe o voto em Maria.
Como militante oposicionista, Maria Aragão resistiu ao autoritarismo e à Ditadura Militar. A todos que acreditam na Democracia como elemento fundamental de construção de uma nova sociedade, cabe o voto em Maria.
Enfim, penso que, mesmo não sendo Maria Aragão eleita a personalidade maranhense do século, terá sido válido e vitorioso o movimento que, uma vez mais, confirme Maria como o exemplo e a referência popular da História do Povo maranhense.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
Três maranhenses na nova direção nacional
Washington e Dutra confirmam prestígio e influência junto as suas tendências nacionais. Washington sendo bancado pela "Construindo um novo Brasil" para continuar na Direção Nacional. O segundo indicando, via "Movimento PT", a vereadora Nice, de Penalva.
Nice lidera o hoje segundo maior diretório municipal do PT maranhense em número de filiados. Penalva tem 675 filiados, fica atrás apenas de São Luís, com 1.674, e supera Imperatriz, com 595. Ela manterá a mística do PT das origens, onde só nesse partido uma mulher, negra, quebradeira de coco e quilombola poderia chegar à Direção Nacional do partido.
Por fim, Bira do Pindaré ascende à Direção Nacional como um dos expoentes do que ainda resta de "esquerda" no partido. Chega lá para cumprir oito meses de mandato pela chapa encabeçada pelo ex-deputado federal e bravo militante ambientalista Gilvey Viana, da "PT militante e socialista".
O critério estabelecido pela Direção Nacional para eleger a nova Executiva Nacional foi o de tomar o voto cargo a cargo, ainda que em boa parte deles tenha sido construído um acordo entre as principais tendências. Deve ser o rumo da eleição da Executiva Estadual do PT-MA, marcada para o dia 15 de fevereiro (a partir das 9h), na Assmbléia Legislativa.
sábado, 19 de janeiro de 2008
EM TIMON, (quase) TODOS JUNTOS COM PMDB DE SARNEY, ROSEANA E JOÃO ALBERTO
O clima de disputas e divisão, no entanto, tem trégua na estratégia para as eleições de outubro. Uma sui generis aliança entre aliados de Washigton e de Dutra viabiliza uma ampla maioria em apoio à reeleição da prefeita Socorro Waquim, do PMDB de Sarney, Roseana e João Alberto.
O PT deve pleiteiar, para embarcar na reeleição da prefeita, o candidato a vice e apoio aos candidatos petistas que serão lançados para o chapão PMDB-PT para disputar a Câmara de Vereadores.
Em torno da prefeitura estão as três alas que apoiaram Dutra no PED: (1) Professor Brito e Mizael, que apresentam o nome da professora Osmarina (atual secretária de meio ambiente da Prefeitura) para vereadora e do Brito para vice-prefeito; (2) Silmar Braga, ex-candidato a presidente do municipal, que participa do governo do PMDB e deve apoiar a petista Dalva para a Câmara Municipal - embora em seu grupo haja defensores da candidatura própria-; e (3) Mário Ozório, ex-candidato da "Esperança é vermelha".
Os "dutristas" se juntam ao quarto grupo timonense, o do atual presidente do DM, Welinton Oliveira, e da dirigente Amélia, que apoiaram Washington. Divergem apenas quanto ao nome para vice - eles apresentam o de Welinton - e apoiam o nome de Walber para vereador.
A tese contrária ao apoio ao PMDB tem sementes no grupo de Francisca Uerly, presidente do Sindicato dos Professores de Timon. Ela apóia o petista Mário Novaes para vereador. O Sindicato tem várias críticas à gestão da prefeita Socorro Waquim.
"Mas esta tese está isolada", garante o professor Brito. "Nossa prioridade deve ser a eleição de vereadores, quanto à indicar o ou a vice na chapa governista, é uma possibilidade que depende muito mais da habilidade do PT e da capacidade de construirmos um projeto que contemple a todos", registra Welinton Oliveira. E completa: "isso não será fácil, não obstante o partido ocupe duas secretarias e tenha condições materiais de trabalhar até três candidaturas fortes a vereador e ainda indicar um(a) vice prefeito(a), há quem prefira trabalhar a divisão ao invés da unidade em torno de projetos".
Há três anos no governo municipal, outra unidade no PT é que ninguém defende o apoio ao ex-prefeito Chico Leitoa (PDT). Em Timon, pelo visto, a tese "coligar com os partidos que apóiam Lula" prevalece, independente se traz consigo o grupo Sarney. Heranças do comício Lula-Roseana, realizado em Timon em 2006...
PDT ou PSDB? Eis a questão...
Se em Cururupu a dúvida surge em função da divisão interna do partido, em Paço o impasse é fruto de não saber quem de fato se viabilizará para ter o apoio do PT, se Bia Aroso (do PDT) ou Professor Josemar (do PSDB).
O partido está unido em não ter candidatura própria, priorizar a disputa de vereador e escolher entre um dos dois, só não sabe quem... Desafio para a nova gestão que será empossada no dia 1º de março. O abacaxi será descascado pelo presidente eleito, Nonato Silva.
Em 2004, o PT apoiou o professor Josemar, então filiado ao PTC, e que teve destacada votação, daí sua boa posição hoje na disputa. De lá para cá, o Professor Josemar fez algumas pirotecnias políticas: apoiou Clóvis Fecury (DEM) para federal, Gardeninha para estadual, filiou-se ao PSDB e se vinculou ao grupo do atual presidente da EMAP, João Castelo. Agora, além do desconfiado PT, só tem a possibilidade de apoio do PSB.
Isto se não houver uma reviravolta a partir do Palácio do Leões. É de lá que vêm as esperanças de Bia Aroso (PDT). Embora apoiada pelo PPS - cujo filho é vereador e controla o partido - e pelo PTC do líder do governo na Assembléia, Edivaldo Holanda, Bia enfrenta resistências junto ao chefe do Gabinete do governador, Luís Pedro. Ele é o presidente do PDT em Paço e prefere ver Raimundo Filho (PSL) como candidato a prefeito, que também tem o apoio do PCdoB e do ex-prefeito Mábenes Fonseca. A esperança de Bia Aroso vem da possibilidade de Luís Pedro trocar a influência nas eleições de Paço pelo apoio à candidatura de sua esposa à Prefeitura de Pirapemas, também pelo PDT.
Enquanto isso, o prefeito Gilberto Aroso (DEM), segue trabalhando a viabilização do nome de sua tia, Carmem Aroso (PMDB).
Nessa fase de pré-campanha, o PT fica a ver a conjuntura. Tem que ter cuidado para não ficar também a ver navios...
Posse do PT Nacional será em fevereiro
Antes, estava marcada para os dias 25 e 26/o1. A mudança deu-se para aproximar a posse da data de aniversário do PT, dia 10 de fevereiro, quando o partido completará 28 anos. Também serve para dar mais tempo para conversas e conchavos para compor a nova direção...
A posse será na primeira reunião do Diretório Nacional eleito. Ele é constituído proporcionalmente pelas chapas nacionais que disputaram o PED e elege a nova executiva nacional. Na pauta da reunião, além da posse, estão os seguintes pontos: conjuntura nacional, o próximo período e o PT; eleição da Comissão Executiva Nacional; e constituição de comissão para tratar dos recursos pendentes do PED 2007 nos Estados.
Maranhão. No estado, a data da posse do novo Diretório Estadual ainda está indefinida. Provavelmente acontecerá após esta primeira reunião do nacional. Mesmo com recursos de lado a lado que podem ou não alterar a composição do diretório, a instância estadual está orientada a realizar a posse. Falta só a Direção Estadual atual decidir quando.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Valeu, Ieda Batista!
Militante feminista, Ieda foi fundadora do Grupo de Mulheres da Ilha, ao qual dedicou-se intensamente na luta pelos direitos das mulheres. Como professora de Serviço Social da UFMA também deixou sua marca nas pesquisas que investigou a condição feminina no estado.
Ieda Batista, na sua serenidade, sempre foi uma referência para a militância das mulheres petistas. Deixa-nos a herança de que a luta pela igualdade de gênero permanece entre nós; de que a luta pela justiça vale a pena e é por toda a vida.
E Lula nomeou o "problema"...
Lula, em entrevista coletiva em Havana (Cuba)
Na charge de Glauco - Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/inde15012008.htm) - 15/01, o resumo do fim da novela da nomeação de Lobão no MME... será o fim mesmo?
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
BB x Mercial Arruda: difícil fica é para o povo...
"O Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino em Grajaú, Deusimar Nascimento, denuncia que é grave a situação da população grajauense em razão da possibilidade do fechamento do Banco do Brasil.
Segundo Deusimar, o Banco do Brasil atende na região os municípios de Sitio Novo, Formosa da Serra Negra, Grajaú, Arame e Itaipava do Grajaú, juntos somam uma população de aproximadamente 130 mil habitantes, embora atendesse só Grajaú seria justificado a permanência desta agencia bancaria, pois se trata de um município com quase sessenta mil habitantes.
Os correntistas, servidores e o povo em geral estão perplexos, pois o município de Grajaú que já pode contar com quatro agencias bancárias em tempos mais difíceis, atualmente temos apenas duas, em vista disso, não encontramos justificativa para tal situação, considerando ainda que em Grajaú é visível o desenvolvimento nestes últimos anos, fato comprovado através de dados do IBGE que mostra um aumento considerável da população como também das riquezas aqui produzidas.
Entretanto, esclarece Deusimar, que o fechamento desta agencia bancária, ocorre em razão de que o Prefeito Mercial Arruda (DEM), decidiu transferir as contas da Prefeitura para o Bradesco, em troca de dois milhões de reais, ora, aqui é comum o comparativo com o governo do estado do Maranhão que licitou as suas contas, só não observam que os investimentos que serão feitos no estado pelo Banco do Brasil conforme acordo, será de forma indireta, além disso, no governo estadual a mudança foi de um banco privado para um público, aqui está sendo o contrario, acrescenta ainda que se com duas agencias o atendimento já era difícil imagine com apenas uma.
A população reconhece que os serviços aqui prestados pelo Banco do Brasil não são os melhores, por outro lado é também notável o desinteresse, o sentimento de destruição do Prefeito Mercial pela cidade, pois Grajaú se tornou um caos desde o inicio do seu mandato com obras inacabadas, salários atrasados, funcionários demitidos, essa tem sido a rotina em Grajaú.
Diante disso, já existem inclusive manifestações programadas em prol da permanência do Banco do Brasil em Grajaú, portanto, o povo grajauense espera poder contar com a sensibilidade das autoridades do nosso estado e que sejam tomadas as providencias necessária."
LOBÃO RESISTIRÁ?
Abaixo, o Jornal Pequeno de hoje (http://www.jornalpequeno.com.br/2008/1/13/Pagina71263.htm) traz reprodução de matéria da Revista Época com mais fatos trazidos à tona neste fim de semana. A semana promete...
Imprensa nacional destaca suspeitas que podem complicar nomeação de Lobão para Minas e Energia
Menos de um ano depois da operação Navalha da Polícia Federal – escândalo que provocou a demissão de Silas Rondeau do Ministério de Minas e Energia –, os interesses da família do ex-presidente José Sarney no setor elétrico estatal estão gerando um curto-circuito político em Brasília. Na divisão do poder entre os aliados do presidente Lula, o ministério está na cota da bancada do PMDB do Senado, ou seja, de José Sarney. Mas ele é chefiado há nove meses pelo interino Nelson Hubner, ligado ao PT. O PMDB esperava receber o posto de volta na semana passada, mas três fios desencapados ameaçam eletrocutar a operação.
O primeiro fio solto é o nome indicado por Sarney para o cargo: o senador Edison Lobão (PMDB-MA). Sem nenhuma experiência no ramo, torná-lo ministro seria um mau sinal no momento em que a incerteza volta a rondar o abastecimento de energia. O segundo fio perigoso é o suplente do senador, seu filho Edison Lobão Filho, conhecido como Edinho. Se o pai virar ministro, Edinho irá para o Senado levando um rosário de investigações e suspeitas, quando a Casa ainda não se recuperou do processo contra Renan Calheiros (PMDB-AL). O terceiro cabo, de mais alta voltagem, são as investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal sobre os negócios do empresário Fernando Sarney, filho do ex-presidente e eminência parda do setor elétrico.
Fernando sob investigação – Desde novembro de 2006, Fernando, o administrador dos negócios da família Sarney no Maranhão, está sob investigação da PF e do Ministério Público Federal. O ponto de partida foi um comunicado do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Fazenda ao Ministério Público sobre movimentações atípicas, de mais de R$ 3 milhões, em contas bancárias controladas por Fernando Sarney. No fim do ano passado, a família Sarney descobriu que os telefones de Fernando estavam grampeados pela PF. Amigos de Sarney contam que o ex-presidente ficou transtornado com a informação. José Sarney acionou o advogado brasiliense Antonio Carlos “Kakay” Almeida Castro, dono de forte círculo de amizades no governo, para saber a extensão dos danos. Depois de uma batalha nos tribunais para ter acesso aos dados da investigação, Kakay e o advogado Eduardo Ferrão descobriram que os sigilos bancário e fiscal de Fernando, de sua mulher, Teresa Murad Sarney, e de contadores de suas empresas também haviam sido quebrados.
Na Justiça, o Ministério Público Federal no Maranhão obteve a quebra do sigilo telefônico do filho de Sarney em dezembro, mas ele já havia sido apanhado, há quase um ano, em grampos armados pela PF para outras investigações. Esse conjunto de informações desatou entre os amigos de Sarney uma teoria da conspiração. As investigações teriam o objetivo de intimidar e enfraquecer o PMDB e Sarney, o mais importante aliado do governo no Congresso. Um dos objetivos da conspiração seria manter o Ministério de Minas e Energia sob o controle da poderosa ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a quem o interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, é ligado.
Teorias à parte, o fato é que os investigadores da PF e do MP dizem ter encontrado matéria sólida nas contas de Fernando Sarney e suas empresas. No Maranhão, o Ministério Público suspeita do trânsito de dinheiro entre o Sistema Mirante de Comunicação (uma rede de emissoras de rádio, televisão e jornal, vitrine dos negócios da família Sarney) e a São Luís Factoring e Fomento Mercantil Ltda., outra empresa familiar até então desconhecida. Empresas de factoring trocam cheques e outros títulos a prazo por dinheiro à vista – e cobram comissão por isso. É o que faz a São Luís Factoring e Fomento Mercantil Ltda. O problema é que, com a quebra dos sigilos bancário e fiscal autorizada pela Justiça, descobriu-se que a São Luís só realiza transações entre as próprias empresas do grupo Sarney. Anualmente, a São Luís costuma movimentar mais de R$ 100 milhões. Só no ano passado, a empresa lucrou cerca de R$ 25 milhões em juros e comissões – supostamente cobrados de suas co-irmãs do Grupo Mirante. “Esse é o calcanhar-de-aquiles dessas operações que estamos investigando”, disse uma autoridade diretamente envolvida na apuração, sob a condição de anonimato porque a investigação corre em segredo de Justiça.
A São Luís Factoring foi aberta em julho de 2000. Hoje, está registrada em nome de um contador do grupo e de Teresa Murad Sarney. Teresa é também a atual presidente da Gráfica Escolar, que edita o jornal O Estado do Maranhão, um dos veículos do pool de comunicação da família Sarney, que inclui três emissoras de rádio e a TV Mirante. O endereço da factoring é o mesmo do jornal e da TV Mirante. Os investigadores dizem se concentrar agora na suspeita de que a empresa tenha servido para lavar dinheiro. “O lucro declarado dessa factoring pode ser uma forma de esquentar dinheiro”, afirma um dos investigadores.Sigilo da Mirante quebrado – A Receita Federal já instaurou uma ação fiscal contra o grupo. O juiz federal Neian Milhomem Cruz, da vara especializada em lavagem de dinheiro de São Luís, autorizou a quebra de sigilo bancário da TV Mirante, da Gráfica Escolar e da São Luís Factoring.
Na Polícia Federal, em vez de ser tocada pela Superintendência do Maranhão, a investigação foi concentrada em Brasília. Está a cargo da Divisão de Crimes Financeiros, a mesma que investigou o mensalão. Em março do ano passado, um delegado da divisão foi a São Luís e pediu a ampliação da quebra do sigilo bancário. Hoje, nos 13 volumes que compõem o inquérito, estão todas as movimentações financeiras do grupo realizadas entre 2002 e 2006. Antes do pedido, havia sido quebrado o sigilo apenas das operações realizadas nos três meses anteriores à eleição.
Grandes saques – O relatório do Coaf alertou a Polícia Federal e o Ministério Público sobre os grandes saques em dinheiro vivo das contas de Fernando Sarney às vésperas do segundo turno da eleição de 2006. O primeiro movimento se dá em 23 de outubro. É quando o empresário Eduardo de Carvalho Lago, concunhado de Fernando Sarney, deposita R$ 2 milhões na conta da Gráfica Escolar. No dia seguinte, o dinheiro volta para a conta de Lago. Em seguida, a transferência é refeita. Desta vez, Eduardo Lago deposita diretamente na conta de Fernando Sarney. O primeiro saque, de R$ 1,2 milhão, foi feito em 25 de outubro. Os R$ 800 mil restantes foram retirados no dia 26. Nas duas vezes, o dinheiro foi sacado em espécie. Os saques foram feitos na agência 2192 do Bradesco, no centro de São Luís, onde Fernando Sarney mantém conta. Houve ainda outras movimentações atípicas. Segundo o relatório do Coaf, entre 27 de setembro e 27 de outubro, foram retirados mais R$ 1.022.450 de contas da TV Mirante. Os saques, também em dinheiro vivo, foram feitos por Carlos Henrique Campos Ferro e Teresa Cristina Ferreira Lopes. Segundo Fernando Sarney, os dois são funcionários da emissora. Teresa Murad e advogados da família Sarney preferiram não se pronunciar sobre o caso da São Luís Factoring.
Financiamento ilegal de campanha – A proximidade das movimentações com o segundo turno da eleição de 2006, realizado em 29 de outubro, levou os investigadores a suspeitar de que os saques possam ter relação com o financiamento da campanha de Roseana Sarney ao governo do Maranhão, em 2006. Fernando Sarney era o tesoureiro informal da campanha da irmã. Roseana, à época no PFL, está hoje no PMDB. E acabou perdendo a disputa para Jackson Lago, do PDT. O maior desafio da investigação, agora, é refazer o caminho do dinheiro. Eduardo Lago e Fernando Sarney dizem tratar-se de um empréstimo para fins privados. Se a natureza da operação era essa, os investigadores se perguntam por que, então, o dinheiro foi sacado em espécie. Se a hipótese da investigação sobre dinheiro para financiamento eleitoral for verdadeira, essa não seria a primeira vez que os Sarney se expõem por causa de dinheiro de campanha.
Em 2002, a candidatura de Roseana à Presidência da República implodiu depois que a PF encontrou R$ 1,3 milhão no escritório da empresa Lunus, dinheiro que segundo a polícia seria para o caixa dois da campanha. Para o clã Sarney, aquela ação policial teria sido encomendada para tirar Roseana do caminho do tucano José Serra, que era o candidato oficial ao Palácio do Planalto. Nessa época, Roseana tinha deslanchado nas pesquisas entre os favoritos.
Poder minado – Da mesma forma, a família e os aliados suspeitam que o cerco às empresas administradas por Fernando teria o objetivo de minar o poder do clã em Brasília, o que inclui a sucessão nas Minas e Energia. De acordo com aliados próximos, a descoberta da extensão das investigações foi um dos motivos que levaram Sarney a recusar a indicação do PMDB para disputar novamente a presidência do Senado, na vaga aberta pela renúncia de Renan Calheiros, em dezembro. O experiente senador, segundo essa versão, avaliou que sua candidatura poderia atrair atenções para acusações contra o filho e as empresas da família.
Bom atacante – Fernando Sarney ocupa um lugar estratégico no organograma da família Sarney. Embora seja uma pessoa extrovertida, não se expõe aos holofotes longe de casa – diferentemente do pai, da irmã senadora e do irmão deputado e ex-ministro Zequinha Sarney. A atividade que mais o aproxima da política, oficialmente, é o cargo de vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Quando viaja para Brasília, Fernando despacha no escritório da CBF na capital. Recentemente, ajudou o presidente da confederação, Ricardo Teixeira, a enterrar no Congresso a CPI do Corinthians. Além de cartola, Fernando é desportista. Joga futebol em qualquer modalidade – campo, areia, quadra – e é considerado um bom atacante. No Maranhão, Fernando Sarney é um verdadeiro agitador cultural. Em São Luís, comanda festas de micareta, ali chamada de Marafolia, escreve letras para o grupo local Bicho Terra, dá canjas de gaita em boates e convive com músicos e artistas plásticos. Na juventude, Fernando chegou a tocar em uma banda de rock. Por um breve período, brevíssimo, pensou em seguir a carreira musical. Foi desencorajado pela mãe, dona Marly, e pelo pai. Estudioso, fluente em cinco idiomas, formou-se em Engenharia Elétrica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, a Poli da USP. Depois de trabalhar numa empresa em São Paulo, Fernando voltou para São Luís e assumiu a presidência da Companhia Elétrica do Maranhão (Cemar).
A estatal foi comprada e depois devolvida ao governo pela americana PPL, num dos mais estranhos casos do processo de privatização do setor elétrico. Na Cemar, Fernando conheceu Silas Rondeau, que se tornaria depois ministro de Minas e Energia. De lá para cá, amigos do tempo da Poli acompanham sua trajetória. Um dos expoentes do grupo é o engenheiro Astrogildo Quental, diretor-financeiro da Eletronorte e candidato dos Sarneys à presidência da Eletrobrás, hoje controlada pelo PT.
Conspiração – Para a cúpula do PMDB, as acusações contra o grupo de Sarney são uma conspiração que parte de setores do PT interessados em enfraquecer o PMDB. No Congresso, os dois partidos são aliados, mas na Esplanada dos Ministérios disputam palmo a palmo cada nicho de poder. Essa relação conturbada explicaria os tiros disparados contra o grupo de Sarney pela Polícia Federal, subordinada ao ministro petista da Justiça, Tarso Genro, e dirigida pelo ex-petista Luis Fernando Correa. Na cúpula do PMDB, o ministro Tarso Genro é chamado de “Edgar”, numa alusão a J. Edgar Hoover, o lendário chefe do FBI que se manteve no cargo durante décadas (de 1924 a 1972) manipulando segredos dos políticos dos Estados Unidos.
O caso Lobão – Na noite da quinta-feira, o presidente do PMDB, Michel Temer, foi ao Palácio do Planalto acompanhado de Sarney, do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e de outros chefes do partido. Indicaram oficialmente o nome de Edison Lobão para o Ministério de Minas e Energia. Lobão, de 71 anos, fez sua carreira política à sombra de Sarney, de quem se tornou amigo na década de 1960. Até o ano passado, era um dos peões do esquema Sarney no DEM, mas entrou no PMDB em busca da presidência do Senado ou do Ministério de Minas e Energia.
Com a eleição de Garibaldi Alves no Senado, restou a segunda opção. Lobão foi governador do Maranhão de 1991 a 1994. As maiores marcas de seu governo foram a influência da então primeira-dama, hoje deputada, Nice Lobão, conhecida como mandona, e a ascensão dos negócios de seu filho Edinho. O grupo que foi ao Planalto esperava voltar para casa com a fatura liquidada, mas todos saíram frustrados. Lula elogiou protocolarmente a indicação, mas deixou para fazer o convite a Lobão (ou seja, decidir se ele será mesmo ministro) numa conversa que só deve ocorrer depois da quarta-feira 16, quando voltar de uma viagem com paradas na Guatemala, em Cuba e no Acre. Sintomaticamente, Lula comentou com os aliados o noticiário da imprensa sobre os processos que envolvem Lobão e seu filho suplente. “Ele está apanhando muito?”, perguntou Lula, segundo um dos presentes. “A mídia sempre faz isso quando o político tem o nome lançado para um ministério”, disse o presidente. Os aliados deixaram o Planalto com a impressão de que Lula joga com o tempo porque tem receio de enfiar os dedos nessa perigosa tomada.
Exposto a mais uma semana de noticiário negativo, Lobão pode acabar torrado de vez ou, na melhor hipótese, ser obrigado a compartilhar o comando de Minas e Energia com dirigentes indicados pela Casa Civil. Nas palavras de um chefe partidário, “um ministério com os bigodes de José Sarney e a cabeça da Dilma Rousseff”. (Andrei Meireles, Ricardo Amaral e Rodrigo Rangel, da Época).