Essa está na Folha de São Paulo de hoje (03/01). Será que o nosso modo petista de governar realmente se esgotou?
Abaixo, a matéria do repórter José Alberto Bombigda:
"Vitrines" do passado são desafios do PT
O PT inicia o ano eleitoral de 2008 com dificuldades justamente em cidades que serviram de modelo propagandístico para o chamado "modo petista de governar", criado no final da década de 80. Em Porto Alegre (RS) e em grandes e ricos centros paulistas, fundamentais na história do partido, o PT até agora ou tem pré-candidatos com chances remotas de vitória ou está dividido em prévias. Entre os novos dirigentes da sigla, eleitos em dezembro e que tomam posse nos próximos dias, já há quem defenda a formulação de um novo modelo."Sou crítico quanto ao "modo petista de governar", que teve sua importância nos anos 80 e 90. Não se trata de passar uma borracha e apagar a história, mas sim de repensar nossos desafios. Na década de 80, por exemplo, as questões ambientais e o problema com a juventude das periferias não existiam", diz o presidente eleito do PT paulista, Edinho Silva, prefeito de Araraquara.
Ao longo da história da sigla, as vitórias no âmbito municipal foram determinantes para a chegada do PT ao Palácio do Planalto com Luiz Inácio Lula da Silva, na eleição de 2002. Em 1988, os êxitos em São Paulo, Porto Alegre, Vitória, Campinas (SP), Santos (SP), Santo André (SP) e São Bernardo (SP) firmaram o partido. Ao final da década de 90, os petistas já estavam à frente de 115 cidades do país, saltando para 187 em 2000, apesar de terem perdido 47% dos municípios que administravam. A "receita petista" começava a dar sinais de desgaste: "O modo petista está superado", dizia o então presidente do partido, José Dirceu, em 1999.
A chegada ao Planalto deu fôlego novo: 411 prefeituras conquistadas em 2004. Mas o partido perdeu importantes vitrines naquelas eleições: Porto Alegre, São Paulo e Ribeirão Preto. O eixo central da "receita" incluía a participação da população na elaboração dos Orçamentos e uma ênfase nas políticas sociais, além do controle do gasto público. Na outra ponta, pregava medidas "liberais", como a privatização do sistema de telefonia de Ribeirão Preto. Muitas cidades petistas, no entanto, também foram alvo de denúncias de corrupção - Ribeirão e Santo André- e enfrentaram graves crises financeiras -São Paulo.
Jóias da coroa
Na capital gaúcha, onde o PT se manteve no poder até 2004, Maria do Rosário e Miguel Rossetto disputarão prévias, mas o ex-prefeito Olívio Dutra é o petista melhor colocado nas pesquisas, ainda que atrás do atual prefeito José Fogaça (PPS). "Estamos procurando conduzir esse processo da maneira menos traumática possível. É claro que a disputa passa uma imagem negativa, mas ela não é determinante", afirma Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre pelo PT.
Para ele, o "modo petista" precisa ser reavaliado, mas ainda "permanece vivo na democracia e na participação popular". (...)
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